CINEMA: A SÉTIMA ARTE EM LIMA DUARTE.
O século XX trouxe muitas inovações à Lima Duarte.
A maior delas, certamente foi a chegada à cidade dos primeiros aparelhos de transmissão de som e imagens, conhecidos como cinematógrafos. As imagens, até então vistas apenas fixas em fotos, reproduções ou pinturas, agora poderiam ser vistas em movimento e com som.
A iniciativa pioneira de trazer à Lima Duarte um cinematógrafo ou projetor de imagens, coube à Manoel Delgado da Silva, o “Tineca França”, que em 1914, adquiriu e trouxe para a cidade o primeiro projetor de imagens, instalando-o em sua residência no Bairro Matosinhos, onde recebia os que desejavam conhecer a novidade.
A população da época concorreu com entusiasmo às precárias exibições, pelas quais, a título de cooperação com o empreendimento, cobrava Tineca a quantia de um tostão, equivalente a cem réis. Tal iniciativa, até onde se sabe, permaneceu na esfera particular, sem gerar um estabelecimento especificamente destinado à atividade.
Ao mesmo tempo, outras iniciativas foram tomadas, como a vivenciada por Afrânio de Paula, que relatava ter participado da exibição do primeiro filme em espaço publico na cidade de Lima Duarte. A película, trazida pelo Sr Diógenes Salgado, de Andrelândia, foi exibida no Salão nobre da Prefeitura, para onde se deslocaram alguns bancos da igreja. Certamente trata-se de iniciativa posterior à pioneira, de melhor qualidade e melhor recurso técnico.
Posteriormente, dois filhos do Major Francisco Neves, fundaram aquele que pode ser considerado o primeiro estabelecimento cinematográfico da cidade. Sabemos de sua existência por informações orais, sem contudo dispor de maiores detalhes.
Em 1936, Afrânio de Paula assume a diretoria da firma Nogueira & Cia, que administrava o Cinema Ideal, em sociedade com Isaías Nogueira da Gama. O Cinema Ideal funcionava em prédio situado na Rua XV de Novembro, atual Rua Antonio Carlos, com entrada ao lado do atual Clube do Minas e ao fundo do prédio onde hoje funciona o Empório.
Dotado de palco e cadeiras para os frequentadores, o cinema passou a ocupar lugar de destaque na sociedade, seja como fonte de lazer ou servindo de palco a acontecimentos sociais de vulto. Jornais da cidade em 1930 davam conta da programação do estabelecimento, anunciando com entusiasmo a peça Acabaram-se os Otarios, “… o primeiro grande filme brasileiro synchorizado, cantado e fallado em portuguêz …” A peça era protagonizada por Genezio Arruda e foi grande sucesso no Cinema Nacional.
Em 1940 Afranio de Paula afasta-se da direção da empresa que administrava o Cinema Ideal a qual é assumida por João Paulo de Abreu Guedes, sendo rebatizado o cinema com o nome de Cine Theatro Ìris.
O primeiro filme colorido foi exibido em 1958, recomendado pelo Vigário da época, Padre João Severo Ramos de Oliveira. Trata-se de Marcelino Pão e Vinho, de Ladisláo Vajda, filme que marcou época, ficando em cartaz por muitos meses. Filas imensas se formaram na entrada do cinema.
Outra experiência relacionada à exibição cinematográfica diz respeito a um projetor adquirido por Afrânio de Paula na década de 50, exibindo dezenas filmes em espaços públicos, como a Praça da Matriz, depois da missa, ou no pátio do Albergue de São Vicente de Paulo, nos finais de semana e em ocasiões de festa, onde se tornou uma das mais esperadas e prestigiadas atrações. Eram exibidos filmes de humor como os protagonizados por Charles Chaplin, a dupla O Gordo e o Magro, as chanchadas brasileiras, dentre outros.
As apresentações eram noticiadas sempre com antecedência por meio de faixas e anúncios pelo Serviço de Alto Falantes da Igreja Matriz e capela do Albergue. A exibição de filmes na festa era feita num espaço coberto, destinado a esse fim, com cobrança de ingressos a preços módicos, auxiliando nas despesas e abrilhantando as festividades, que ocorriam durante todo o mês de julho. Os filmes eram alugados e chegavam em grandes rolos, embarcados na mala do Correio, via Estrada de Ferro Central do Brasil.
O Cine Teatro Ìris marcou a vida de toda uma geração de limaduartinos. Ir ao cinema fazia parte do rolê daquela época, ficando os jovens agrupados em pequenos grupos ou mesmo passeando pelo Centro. O início das sessões de cinema era anunciado por um sistema de altofalantes instalado na entrada do cinema por meio de músicas que a tradição recolheu e mantém viva memória. Uma delas era o “Tema de Lara”, música tema do filme Doutor Jivago, composta em 1965 por Maurice Jarre.
O Cine Thetro Íris encerrou suas atividades no fim da década de 1970, Seu último proprietário foi Paulo dos Reis Modesto. A decadência do cinema ocorreu paralela à chegada e popularização da televisão e a facilidade de acesso a Juiz de Fora, onde se dispunha de casas de exibição de melhor qualidade, melhor estrutura e maior poder aquisitivo, com exibição de filmes de sucesso e mais modernos.
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