A VISITA QUE ABRE O SERTÃO

MARCO ANTÔNIO SILVA

Em 08 de Junho de 1781, uma comitiva deixa a cidade de Vila Rica, capital da Capitania de Minas Gerais.
Em destaque, montado ricamente, desloca-se um jovem governador, conhecido pôr sua perícia e fino trato, Dom Rodrigo José de Meneses, que tinha o título de Conde de Cavaleiros, que tomou posse como Capitão General da Capitania de Minas Gerais em 20 de fevereiro de 1780, sucedendo ao governador Antonio Noronha.
Informado dos desvios e extravios de ouro no Sertão do Rio do Peixe, resolve ele mesmo por fim àqueles crimes, integrando o Sertão Proibido ao mapa da capitania. O chamado “Sertão Proibido ou Área Proibida” se estendia à quase toda a região banhada pelo Rio do Peixe e seus afluentes, compreendendo hoje parte do Município de Lima Duarte (distrito da Sede), parte de São Domingos da Bocaina, que verte águas para o Ribeirão da Bocaina (atual Ribeirão Rosa Gomes), município de Olaria, distrito de Taboão (hoje pertencente a Bom Jardim de Minas), parte de Rio Preto (vale do Pirapetinga e Ribeirão Monte Verde), município de Bias Fortes e município de Pedro Teixeira.
De Vila Rica, Dom Rodrigo chega dia 15 ao local denominado Passa Três, bem próximo às cabeceiras do Rio Paraibuna, de onde embrenha-se pelo Sertão Proibido, atingindo o vale do Ribeirão Santa Rita, atual Ribeirão Vermelho, atualmente municípios de Santa Rita de Ibitipoca e Bias Fortes. Descendo 5 léguas pelo Sertão abaixo, que achou densamente povoado e ocupado por caminhos largos e trafegados, picadas, roças, ranchos e garimpos, numa área em que oficialmente ninguém poderia morar, plantar ou criar, em vista de leis promulgadas por seus antecessores desde 1736…
Seguindo o ribeirão, a comitiva de Dom Rodrigo foi ter ao Rio Grão Mogol e, deste, às margens do Rio do Peixe, onde era aguardada por grande número de posseiros, com suas famílias e escravos.
Formou-se no local logo um povoado, pontilhado de ranchos toscos, abrigando a comitiva e os posseiros, avisados da vinda do Capitão General. Este povoado foi denominado, por anos seguidos, de Quartel General do Rio do Peixe ou, simplesmente, Quartel General, como se vê em alguns mapas da época. Pela posição em que está nos primitivos mapas, a localidade situava-se em algum lugar próximo a Manejo.
Dom Rodrigo se fez acompanhar de seu ajudante de Ordens, Tenente Francisco Antonio Rabelo, que estivera meses antes no sertão do Rio do Peixe, elaborando a lista de posseiros, e do Ouvidor Geral da Comarca do Rio das Velhas, Dr. Luís Beltrão de Gouveia e Almeida, que lhe serviu de auxiliar, escrivão e secretário.
Permaneceu quatro dias neste povoado improvisado, aproveitando para recolher e despachar mais de oitocentos requerimentos de posseiros, pretendentes à posse de sesmarias e datas minerais. Neste intervalo, fabricaram-se canoas, utilizadas pela comitiva para navegarem pelo Rio do Peixe, investigando seu potencial aurífero com uso de ferros. Na mesma ocasião, o governador nomeou um Inspetor, Guarda Mores e seus substitutos, de forma a fiscalizarem a extração de ouro, concederem novas sesmarias e datas minerais e a arrecadação de tributos.
Do Quartel General, Dom Rodrigo foi à barra do Rio Pirapetinga, cujo vale subiu, atingindo a região de Rio Preto. Desta localidade subiu ao vale do Rio Grande, tomando o caminho para Rio das Mortes (São João del Rei), dirigindo-se daí à Borda do Campo e Vila Rica
Assim nasceu o Distrito do Rio do Peixe, origem do atual município de Lima Duarte.

Colabore com sua opinião, crítica e observações, pelo e-mail marcusilva.70@gmail.com, ou pelas redes sociais do autor
https://www.facebook.com/marcoantonio.silva.94, ou pelos canais do LD&Cia: www.ldecia.com.br

Artigos relacionados

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Veja Também

Fechar
Fechar