MERCADO FUTURO E MEU NEGÓCIO: PARTE 1
“Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende, e não há sucesso no que não se gerencia” (William E. Deming)
É um imenso prazer produzir conteúdo para agregar ainda mais a esta coluna, seguida por mim desde os primórdios, por produtores e leitores de Lima Duarte e região. Trabalhar para o agronegócio brasileiro é ter a consciência da contribuição para a mantença e melhoria do PIB brasileiro, haja vista, o agronegócio é responsável pela sua maior fatia.
Tomo a liberdade em dividir o assunto da matéria, por ser complexo, para começarmos pela base. Sem um bom alicerce não adianta construirmos grandes negócios, pois qualquer “vento” derruba.
O mercado de investimentos parece o “bicho papão” dos negócios, mas entender este mercado é ter maior confiabilidade de previsão dos seus negócios para o futuro a curto, médio e longo prazo. Investir na bolsa de valores é conhecer termos: mercado de opção, Hedge, Bushell, ações, alta e baixa de valores, câmbio. Além de conhecermos termos é necessário saber analisar e, claro ter um bom dinheiro em caixa, pois quanto maior a renda monetária, maior o investimento e o maior o risco de perdas.
E o que o mercado de ações tem a ver com o agronegócio? Boi, Cana de açúcar, milho, soja e outros, produzidos pelos milhares de produtores rurais, seja agricultura familiar ou não, são commodities, ou seja, são produzidos em grande parcela para a exportação e geralmente são cotados em dólar nas bolsas de valores.
Você, produtor, já parou para analisar seu negócio? Para facilitar podemos dividir o ano de acordo com as estações: verão, outono, inverno e primavera. Dificultando um pouco mais, precisamos nos atentar que enquanto é verão no Hemisfério Sul, é inverno no Hemisfério Norte e vice-versa.
Enquanto, no Brasil, produzimos as safras de milho e soja, nos Estados Unidos, por exemplo, está nevando em diversas regiões. É necessário entender que o volume de produção nos países do Hemisfério Norte na safra anterior à nossa, aliado às demandas internas e externas, a conduta de aumentar ou diminuir o número de abates dos plantéis comerciais, as condições climáticas durante a safra e outras inúmeras variantes flutuáveis, irão impactar sobre os preços pagos no negócio em imediato, médio e longo prazo. O preço final de algumas commodities influencia diretamente no custo de produção da arroba do boi gordo e, consequentemente, no preço final recebido pelo produtor, sempre aliado à demanda de consumo do consumidor final, o cliente.
Se os produtores se prepararem para as diversas fases do ano seguinte previamente, teremos sempre nutrição ajustada sem perdas ou aumento de custo. Um ponto importante e muito negligenciado por quase todos os produtores é a compra de adubo: cerca de 65% da demanda nacional é suprida com o mercado externo, ou seja, pago em dólar, o que aumenta os custos de produção. Por isso a necessidade das compras serem analisadas e direcionadas no ano anterior à safra que se pretende produzir ou para os outros fins que o uso de fertilizantes é indicado, como a recuperação de pastagens ou abertura de novas áreas.
Agora que entendemos como o mercado de ações interfere diretamente na agricultura e na pecuária, podemos focar no nosso mercado, que é o nosso objetivo nessa matéria. Historicamente temos altas e baixas de preços em épocas específicas do ano. Milho, soja e as pastagens sem irrigação são alimentos sazonais, o que impacta o custo e a receita de uma arroba e/ou um litro de leite produzido e recebido. Vale salientar que não são apenas esses fatores que interferem diretamente, mas uma soma e que esses tem um impacto maior, pois a nutrição sempre será responsável pela maior parcela nos custos de produção.
Para se manter no agronegócio na atualidade, métricas antes consideradas como desnecessárias, ou tidas pelo “achismo” como teorias, se tornaram uma realidade e que fazem total diferença. Medir, gerenciar, criar metas, analisar custos e receitas de anos anteriores, tornam nosso negocio mais rentável e mais consolidado para nos mantermos fortes e competitivos no presente e no futuro.
Com isso, concluo a primeira parte do nosso bate-papo, ressaltando a importância de conhecer nosso negócio e nossas demandas. Trazer o entendimento interno para analisar o mercado futuro e “prever” com maior acurácia os cenários, os desafios e trazer maior seguridade para um negócio rentável e próspero.
Espero trazer motivação para vocês, produtores, conhecerem mais seu negócio! Nos encontramos em 2023 para continuarmos com nosso assunto, o mercado futuro!
Feliz Natal e Prospero Ano Novo!
Um grande abraço!