COMEMORAÇÕES DA INDEPENDÊNCIA EM LIMA DUARTE EM 1922 E 1936.
MARCO ANTÔNIO SILVA
A comemoração do Sete de Setembro fez parte das tradições de Lima Duarte, sendo festivamente celebrada com as particularidades de cada época.
A título de curiosidade, reproduzimos a seguir duas matérias jornalísticas, retratando as comemorações do Sete de Setembro em dois anos: 1922 e 1936.
Em 1922, o Brasil única comemorou o 1º Centenário da Declaração da Independência, festejando o ato do Príncipe Dom Pedro, às margens do riacho Ipiranga.
As cidades, por todo o país, festejaram a data, cada uma com suas particularidades. Em Lima Duarte, não foi diferente.
A sociedade se organizou e manifestou seu contentamento e alegria pela data.
A fonte de informação sobre os eventos aqui promovidos está presente na imprensa carioca, representada pelo jornal A Noite, que tinha grande circulação em Lima Duarte e região, repercutindo aqui as notícias do Rio de Janeiro (então Capital Federal) e as do Brasil.
Assim noticiou o jornal A Noite, na edição de 09 de setembro de 1922, o Centenário da Independência em Lima Duarte:
“Foi tocante a comemoração do Centenário nesta localidade. Às primeiras horas da manhã do grande dia, uma banda de música, acompanhada do Tiro de Guerra 408, percorreu a cidade.
Ao hastear a bandeira, a banda percorreu novamente as ruas, depois de ter prestado homenagens, tocando o Hino Nacional.
Os alunos do Grupo Escolar fizeram passeata, falando por esta ocasião o Dr. Olavo Werneck e o farmacêutico Sr. José Augusto. Ao anoitecer, o Dr. Raul Fernandes, pastor evangélico e o bacharelando J. Nicolau Lasytearan e Augusto Schawab, na praça da Liberdade, proferiram discursos, sendo aplaudidos pelo povo.
O encerramento dos festejos foi solene, havendo sessão cívica na sede do Tiro de Guerra 408.
Outro Sete de Setembro que fez história foi o de 1936, cuja programação segue abaixo, patrocinada e divulgada pelo jornal lima duartino O Progressista, em sua edição de 06 de setembro de 1922:
Por iniciativa de nossas agremiações educacionais e sociais e sob o patrocínio de O Progressista, Lima Duarte festejará amanhã, com raro brilho, o grande Dia da Independência Brasileira.
A comissão encarregada do programa convida a todos os lima duartinos para assistir a todas as partes, dando às mesmas o maior realce possível, nas horas marcadas:
PROGRAMA
Dia 7 de Setembro:
6 hs. Alvorada, salva de Tiros e hasteamento da bandeira pelo Tiro 408.
8hs. Desfile do Tiro 408, sob o comando do Sg. Instrutor Jorge José dos Santos e saudação do soldado à Bandeira, pelo professor Raul Fonseca.
9h30: Grande corrida da Cidade, prova patrocinada pela Prefeitura Municipal. Ponto de chegada na Parada EFCB.
13hs: Atletismo no Campo local, pelo Tiro de Guerra 408, com o programa:
1ª prova – Cap. Braga: salto em altura;
2ª prova – Ten. Coelho: Salto em distância;
3ª prova – Sargento Segóbia: vivacidade;
4ª prova – Dr. Olavides: corrida de saco;
5ª prova – Dr. Frágolo: corrida de estafeta;
6ª prova – Sargento Jorge: luta de travesseiros;
7ª prova – Tenente Carraça: cabo de guerra;
14hs: Amistosa partida de foot-ball entre o combinado Parque Azul e Guarany F.C. de Cachoeira;
18 hs. Solene arriamento da Bandeira, no quartel do Tiro de Guerra 408.
18h30: Torneio misto de pin pong no tablado do Parque Azul;
20 hs: Sessão cívica no Ribalta Club:
Programa:
1. Música
2. Abertura da sessão;
3. Hino à Bandeira, por alunos do Grupo Escolar;
4.Entrega de prêmios;
5. Declamações por alunos do Grupo
6. Música;
7. Discurso de apresentação do orador, pelo dr. Olavides de Oliveira;
8. O Dia da Pátria, conferência pelo ilustrado Prof. Luiz Milazzo, de Juiz de Fora;
9. Hino 7 de setembro, por alunos do Grupo;
10. A Pátria, poesia pela senhorita Diva Duque;
11. Hino Nacional, por alunos do Tiro de Guerra 408;
12. Encerramento da Sessão.
21 hs. Elegante sarau dançante no pavilhão de Festas do Parque Azul;
Os festejos serão abrilhantados pela Corporação Musical Santa Cecília, sob a regência do professor Sebastião Ribeiro.
A comissão encarregada da execução do programa pede rigorosa observância dos horários, para não haver desordem na execução do mesmo.
Ao longo dos anos, a data seguiu sendo comemorada com solenidades, desfiles de personagens históricos, encenações, provas de atletismo e desfiles cívicos e escolares, há algum tempo desaparecidos.
Junto com eles foram-se as bandas, as fanfarras, o Tiro de Guerra, os inflamados discursos, os carros alegóricos, as fanfarras escolares, os vistosos uniformes, as balisas…
No palco dos desfiles, jaz agora um calçadão frio e solitário, bem o oposto da rua feliz e movimentada de outrora.
(Sugestões, críticas, correções, observações, entre em contato com o autor pelo e-mail: marcusilva.70@gmail.com ), ou pelas redes sociais).