JORNALISTA CARTEIRO REALIZA SONHO

Norma Baumgratz

O Jornalista Paulo César atua esporadicamente na profissão. Trabalha como Carteiro, pelos Correios e escreve contos, resenhas e livros, nas horas vagas. Com dois livros terminados e outros dois sendo escritos, ele conseguiu, agora, realizar seu sonho de publicar um livro.
Ele conta, em entrevista, sobre sua vida, trabalho, sobre o livro publicado e outras novidades.
Confira:
Meu nome é Paulo César Silva, 35 anos, natural de Barra do Piraí-RJ. Vim para Lima Duarte, mais especificamente para a comunidade de Manejo, aos 6 meses de idade. Sou casado há quase 9 anos com Bárbara Oliveira, e não tenho filhos.
Quando estudou jornalismo?
Cursei Jornalismo no Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF) entre 2009 e 2012. Porém, atuei na área apenas como colunista de cinema para dois portais de internet, o Acessa.com e o Jornada Geek, de 2012 a 2016.
Contudo, não segui na carreira, ainda, por que infelizmente na nossa região ainda se paga pouco, sendo difícil abrir mão do salário e os benefícios de um serviço público. Porém, se der para conciliar, como já foi o caso dos trabalhos citados, estou aberto a propostas!
É carteiro há quanto tempo?
Entrei para os Correios em 2012, através de um concurso público, e sou lotado na cidade de Juiz de Fora desde então. Entretanto, vez ou outra, fico aqui em Lima Duarte, cobrindo férias.
Desde quando escreve?
Comecei a escrever em meados de 2011, quando fazia resenhas de filmes em um blog. Depois, comecei a escrever contos, também em um blog.
Mas o primeiro livro mesmo, foi em 2014, e ele se chama Fora dos Trilhos, que desde então está pronto, mas ainda não consegui publicar.
Também passei a colaborar com a Revista Oblivio, que é um coletivo literário de Juiz de Fora, onde escrevo contos e crônicas.
“A viagem de Titi e Manoela” é sua primeira publicação? Como foi realizar esse projeto?
Em 2016 escrevi A Viagem de Titi e Manoela, e, ele ficou engavetado esperando uma oportunidade, que não veio depois de vários envios para inúmeras editoras, até 2019.
Foi aí que decidi fazer uma publicação independente. Fiz vários orçamentos e sempre esbarrava no custo, um tanto elevado.
Fui atrás de alguns amigos empresários, o Zé Carlos da JC Motores; Laércio da UAI Tofu; o Manoel da Somotor Retífica e o Dr. Rômulo da Zoovet, que apoiaram meu projeto, financiando parte dos custos.
Consegui uma tiragem limitada de 100 exemplares, dos quais vendi aos meus amigos e assim consegui cobrir todos os gastos. Não dava para continuar, pois exigia que tivesse uma estrutura de comercialização, hospedagem em sites e promoção que uma editora pode oferecer. Mas eu já estava satisfeito de ter pego meu livro nas mãos.
Como foi vencer o desafio colocado pela editora?
No início de 2021, me deparei como uma postagem do Instagram que dizia que uma editora estaria interessada em bancar uma publicação, caso ela fosse selecionada. Aí eu pensei: “Vou mandar ele de novo né, vai que passa!”.
Meu livro foi selecionado, com as seguintes diretrizes: a Editora Flyve, de Uberlândia, faria todo o trabalho de editoração do livro, que é a capa, diagramação, correção, promoção em redes sociais, e tudo mais, sem custo algum. A única missão do escritor era de promover uma pré-venda, com toda a ajuda da editora também, de 60 livros, que seria o que cobriria os gastos que a editora teve na produção desta edição.
Pensei alguns dias e decidi que conseguiria bater essa meta entre meus amigos, fora que, também, os mesmos que haviam me ajudado da primeira vez, me deram mais coragem, pois estariam lá para me ajudar, se eu precisasse.
E essa fase da pré-venda foi desafiadora, por que eu teria de me esforçar para convencer alguns amigos que já tinham a outra edição do livro, a comprar essa de novo. Para minha alegria, muitos entraram em contato rapidamente e já garantiram seu exemplar, sem ao menos eu oferecer. Isso foi muito gratificante, pois aí é que a gente se sente querido. Não só por quem comprou, mas também aquelas pessoas que compartilharam, comentaram e deram toda energia positiva que a gente necessita em uma situação dessas.
Quem mais te ajudou nessa fase?
Tive muita ajuda de minha esposa, Bárbara, pois sempre foi minha incentivadora, e acreditou em mim desde as primeiras linhas que havia escrito anos atrás.
Dessa vez atuou como diretora e câmera dos vídeos que fiz para postar nas redes sociais e chamar a atenção das pessoas. Isso fez com que minha história chegasse a veículos de comunicação da região, o que aumentou ainda mais a exposição e ajudou a bater a meta da pré-venda.
Qual a estória do livro?
O livro se passa nos anos 60 e narra a amizade entre a menina Manoela e a cadelinha Titi, e como a viagem que as duas fazem em busca de um veterinário que pode ajudar a salvar a vaca da família, muda a vida das duas para sempre.
Apesar de o nome sugerir, não se trata de um livro infantil. Nessa viagem que elas fazem, se deparam com perigos terríveis, alguns proporcionados pela natureza. Porém, os mais ameaçadores, são protagonizados pelo ser humano: tentativa de abuso, violência, racismo… coisas que nenhuma criança devia conhecer, mas sabemos que estão expostas a isso cotidianamente, mesmo nos dias atuais.
Você escreve sobre a amizade, a relação entre homens e animais e racismo.
Esses sentimentos fazem parte de sua vida pessoal? Como?
Eu tive a ideia da história depois de escrever um texto de aniversário para minha esposa, sobre o amor incondicional que sente pela sua cadelinha Manu. Depois que vi o quanto ela se emocionou, vi que dava para criar algo que tentasse elucidar essa relação de amor que muita gente nutre pelos seus bichinhos, e a reciprocidade que conseguem.
Será mesmo que são apenas animais, que não têm alma? Será que podem ser almas gêmeas? Vão se reencontrar? Uma amizade dessa pode mudar sua vida? É isso que busco trazer aos leitores.
Contudo, não se trata de uma inspiração direta à história de alguém. É uma ficção. Qualquer semelhança com algum caso real, será mera coincidência mesmo.
Como foi realizar o sonho de publicar o primeiro livro?
É muito gratificante publicar um livro, saber que outras pessoas estão lendo e se emocionando com algo que saiu da sua mente. Que de alguma forma aquilo que você escreveu mudou a vida de alguém ou a forma que ela enxerga determinada situação.
Às vezes, quando abro o link da editora e vejo lá meu livro, fico achando que nem é verdade.
Mas esse sempre foi meu sonho, desde que comecei a escrever. E não pretendo parar mais.
Quais são os temas de seus outros livros? Pretende publicá-los em breve?
Como disse, Fora dos Trilhos foi o primeiro livro que escrevi, mas não publiquei ainda. Ele é um romance romântico, que narra a complicada relação entre um garoto de programa e uma herdeira de um império da construção civil, com problemas com drogas. A intenção é publicá-lo no fim de 2022!
Além dele, estou acabando um livro de contos, com teor antirracista. E também um outro romance, esse com poucos capítulos acabados ainda, sobre futebol em uma pequena cidade.

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