CANTINHO DO AGRO

Silagem de milho: Você sabe como fazer? A silagem de milho, volumoso amplamente utilizado na pecuária de leite brasileira, deve ser produzida com eficiência, buscando-se alta qualidade. Ocorrendo o inverso há baixa produtividade no rebanho e aumento dos custos alimentares devido à maior necessidade de compra de insumos. A alimentação representa hoje mais de 50% dos custos de produção das fazendas comerciais.
O mau planejamento ou má execução da produção de volumosos pode refletir em toda a cadeia produtiva durante o próximo ano. Diante da dependência climática para o desenvolvimento das plantações devemos focar na execução correta dos processos que envolvem apenas a mão-de-obra humana.
A definição de silagem de qualidade sofreu muitas alterações no decorrer dos anos. Inicialmente o enfoque era na máxima produção de massa verde por hectare, com o passar dos anos e a mudança genética dos animais, passamos a buscar a máxima produção de massa verde com fibra de qualidade e maior teor de amido nos grãos.
A produção de silagem passa por três fases importantes: condução agronômica e plantio; colheita e ensilagem; desensilagem e fornecimento aos animais. Essas fases são complementares, uma falha em qualquer uma delas acarretará efeitos negativos no produto final.
Nesse artigo trataremos apenas da colheita e ensilagem. O ponto de colheita é uma importante variável na produção da silagem. O ponto ideal é definido por dois fatores: matéria seca (MS) e teor de amido. A MS define o grupo de microrganismos que poderão desenvolver-se durante o processo fermentativo. A MS ideal varia de 32-35%. Valores inferiores, onde há muita umidade, bactérias indesejáveis tendem a dominar o processo. Já valores superiores, geram problemas na picagem e na compactação. Ambas as situações acarretam perdas durante a estocagem.
O amido é o principal carboidrato do milho, dessa forma é a fonte energética majoritária da silagem e está presente nos grãos. Assim, quando a planta é colhida com baixa MS, nem todo o amido foi acumulado nos grãos. A maneira mais comum de determinar o ponto de corte no campo é através da linha do leite do grão. A linha do leite faz a demarcação entre a matriz sólida (amido) e a matriz líquida (demais carboidratos). Se a linha do leite estiver entre 1 3 e 2 3 do grão a planta está apta para ser colhida porque acumulou MS e amido suficientes. Já a MS pode ser definida pelo produtor de forma simples e rápida com o uso de microondas ou Airfryer.
Algo importante a ser ressaltado com relação ao teor de MS é que a planta acumula 0,5% MS ao dia em média. Com isso, devemos planejar bem a janela de corte, procurando iniciar no ponto ideal e no menor período de tempo. Durante a década de 90, as formulações das dietas passaram a utilizar a fibra efetiva e a digestão ruminal do amido. Para auxiliar a solucionar ambos devemos levar em consideração a colhedora e os ajustes feitos nela.
Em uma silagem de boa qualidade, procuramos picar o material em partículas com tamanho ideal médio de 8 mm. Quando o corte é feito de maneira inadequada as partículas grandes dificultam a compactação e a menor quebra dos grãos levará ao menor aproveitamento deles, fazendo com que apareçam inteiros nas fezes das vacas. Existe também a possibilidade de ocorrer seleção de cocho pelos animais, gerando uma menor ingestão da MS prevista e, consequentemente, uma redução na produção de leite. A solução é simples e barata, afiando-se as facas e as aproximando das contra-facas sempre que necessário durante o dia.
Para avaliarmos rapidamente o processamento dos grãos no campo utilizamos um pote de sorvete cheio de silagem. Fazemos a separação dos grãos do restante e a sua contagem. O ideal é que uma silagem cortada por uma máquina com cracker tenha, no máximo 4 grãos inteiros. Já a cortada sem cracker tenha, no máximo, 5 grãos.
Outro ponto crucial no processo de ensilagem é a compactação. Ela deve ser feita desde o início do enchimento do silo, com a distribuição uniforme de camadas por toda extensão dele. A compactação é feita por passagens consecutivas no sentido da largura quanto do comprimento. O objetivo é a expulsão do ar, controlando a respiração, a elevação da temperatura e a queda do PH do material ensilado. O ideal é que se tenha um trator direcionado apenas para a compactação (evitando também as sujidades dos pneus dos tratores que estão picando).
O uso de inoculantes é muito discutido e seu uso é muito consensual entre os especialistas. O inoculante é uma ferramenta estratégica, ou seja, se todos os pontos abordados nesse artigo forem executados minunciosamente somados a uma boa vedação, seu uso se tornará secundário. Caso contrário, ele se torna essencial e de grande responsabilidade pelo controle da contaminação por microrganismos indesejáveis, causando maior segurança no armazenamento da silagem.

Artigos relacionados

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Fechar