SEBASTIÃO, O SANTO DAS FLECHAS, QUE AFASTA A PESTE E PROTEGE O GADO

Na transposição dos mitos greco romanos para o Cristianismo, Sebastião herdou as características básicas do deus Apolo. Apolo era representado jovem, guerreiro, em plena forma física, tendo como atributo as flechas, com que enviava à Terra guerras, pestes e epidemias.
Ao sobreviver às inúmeras flechadas, atado a um tronco no Jardim de Apolo, Sebastião torna-se maior que as flechas, portanto, maior que Apolo, na visão católica. A partir daí, inverso de Apolo, passa a defender e proteger a Terra das guerras, das pestes e epidemias, sendo, para isso, invocado como intercessor.
Na colonização brasileira, em terras tropicais, as pestes e epidemias foram frequentes, fazendo com que a devoção ao santo estivesse, por isso, sempre presente. Inúmeras capelas e oratórios, boa parte deles votivos, ou seja, erguidos em cumprimento de voto ou promessa, foram surgindo em todo o território brasileiro, alguns deles se tornando matrizes e catedrais, caso, por exemplo, do Rio de Janeiro, onde o santo é padroeiro.
Em nossa região, não foi diferente. Tendo como base a criação de gado bovino, foi palco de inúmeras epidemias, seja de febre aftosa, que dizimava os rebanhos, seja de varíola, também associada ao rebanho bovino. Natural então que a devoção ao santo aqui se fortalecesse. Uma pequena imagem do santo figurava, desde sempre, na capela que virou Matriz. Capelas dedicadas ao santo foram erguidas em Monte Verde, Rancharia, Taboão, Quintilianos e bairro Afonso Pena. Imagens do santo se encontram no retabulo mór da Matriz de Ibitipoca; na capela de São José, em São José dos Lopes; na capela de São Domingos de Gusmão, em São Domingos da Bocaina; dentre outras.
Um outro ponto a destacar é que, sendo São Sebastião o protetor dos rebanhos, era também muito reverenciado pelos fazendeiros, cujo capital sempre foi importante na manutenção das capelas e matrizes. Basta verificar os nomes dos principais benfeitores das festas e membros dos Conselhos de Fábrica, quase todos fazendeiros. Na capela de Monte Verde havia um ex-voto de um fazendeiro, agradecido pelo rebanho poupado pela intercessão do santo. Na reforma da Igreja Matriz em 1961, seguida da construção do Salão Paroquial e Casa Paroquial, Pe. Bernardo dedicou a Capela do Santíssimo a São Sebastião, motivo pelo qual sua imagem ali se apresentava numa peanha. O Salão Paroquial também recebeu o nome de Salão São Sebastião, hoje omitido ou ignorado.
A título de resgate, transcrevemos um recorte do jornal O Pharol, de Juiz de Fora, de 1904, relatando a festa de São Sebastião, ocorrida naquele ano:

Sexta-feira 12 de Fevereiro de 1904
Lima Duarte (de correspondente) – Devido ao mau tempo, não se pôde realizar a anunciada festa em honra a São Sebastião no dia designado; só ontem terminou a festa que teve enorme afluência de fiéis e que correu com grande brilhantismo e com a maior ordem possível. Logo após a celebração da missa que nas primeiras sextas-feiras de cada mês é aqui celebrada com toda a solenidade em intenção ao Sacratíssimo Coração de Jesus, partiu da Igreja Matriz a procissão em honra ao glorioso Martir São Sebastião, admiravelmente bem organizada, que desfilou pelas ruas da cidade, fazendo percurso de costume, recolhendo-se de novo à igreja de onde partiu. Subiu ao púlpito o reverendíssimo Padre Pedro Nogueira da Silva e antes de começar o seu sermão, ouviu-se delicioso terceto, magistralmente cantado pela senhorita Altina Tavares e pelos cavalheiros José Carlos de Souza e o provecto maestro Major Maximiano Nepomuceno. Terminado o terceto, que agradou muitíssimo, produziu emocionante e eloquente discurso o Vigário de nossa Freguesia, Padre Pedro Nogueira, dissertando sobre a vida, virtudes e martírios do Glorioso Santo, a quem era dedicada a festa. Foram nomeados festeiros para o próximo ano de 1905, o reverendíssimo Padre Pedro Nogueira da Silva e a excelentíssima Sra. Dona Carolina de Almeida Pires, virtuosa esposa do Capitão José de Sales e Almeida. Procuradores os Srs. Orozimbo Mendes de Assis e Joaquim Moreira Delgado.

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