MARIA HELENA E PAULO EVANGELISTA: 50 ANOS DE UNIÃO!
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Num mundo cada vez mais virtual, em que as relações se banalizam em uniões fortuitas e satisfação de necessidades imediatas, é importante colocar em evidência a capacidade humana de amar, sem receios e medo. Mais que isso, reiterar o amor como sentimento que constrói a união, consolidando-se dia a dia, nas alegrias, lutas, vitórias e conquistas.
O casal Maria Helena e Paulo Evangelista, estimados moradores de Lima Duarte, comemorou dia 11 de janeiro próximo passado, 50 anos de união matrimonial.
Maria Helena, filha de Delphim da Costa Araújo e Isaura Fernandes Araújo, nasceu aos 16/01/1940, na cidade do Rio de Janeiro RJ, então Distrito Federal. Da infância, traz vivas as recordações do amor incondicional de seus pais, mesmo com todas as dificuldades vividas, como o acidente em que seu pai perdeu as duas pernas, quando ela tinha apenas 7 anos. Ficou forte em Helena o exemplo de superação de seu pai, que com próteses seguiu na luta pela sobrevivência, trocando a cômoda ocupação de porteiro que foi-lhe oferecida, pela de feirante, logo tornando-se dono de várias barracas na feira, sempre com a ajuda da esposa e filhos, entre eles Helena, que começa a trabalhar aos 8 anos. Curiosamente, a lembrança mais viva da infância é a de seu pai trazendo um queijo para cada filho, conforme o gosto de cada um. Queijos deliciosos, vindos de Minas Gerais, tal como seu futuro esposo, Paulo…
Paulo Roberto, sexto filho de Joaquim Evangelista Pereira e Maria de Lourdes Pereira, conhecida como Dona Neném, nasceu aos 25/04/1945, na Fazenda Boa Vista Distrito de Orvalho, Município de Lima Duarte MG. A vida na roça era dura, mas gratificante. Forte é em sua lembrança, a mãe amorosa e dedicada, e o pai enérgico, mas amoroso. Do fundo de suas memórias, conta-nos que seu sonho de estudar Engenharia teve origem quando, ainda menino, viu um mestre pedreiro/carpinteiro trabalhar numa reforma da sede da fazenda onde morava. Recorda-se feliz de que o mestre recortou um lambrequim novo para o telhado, repassando-lhe as aparas, com que pôs-se a imaginar e construir casas e brinquedos. O pai, vendo-lhe o vivo interesse, perguntou-lhe o que queria estudar, quando adulto, ao que respondeu “estudar para pedreiro”. Rindo, o pai disse-lhe que melhor seria que estudasse para engenheiro. O menino guardou a palavra no coração e a partir dali alimentou um sonho, que mais tarde o levaria a terras distantes, longe de tudo que sempre amou.
Maria Helena cresceu e seguiu sua vida, estudando e formando-se em Serviço Social em 1964, onde atuou na LBA e, posteriormente, no Hospital Souza Aguiar, sendo colega do seu futuro cunhado Dr. Francisco Vicente Pereira. Paulo Roberto, foi alfabetizado em casa, indo prestar Admissão em Juiz de Fora, no Colégio São José, onde fez o Ginásio e o Científico. Tenta pela primeira vez o vestibular em Juiz de Fora, não obtendo sucesso. Segue então para o Rio de Janeiro, onde havia mais escolas de Engenharia e mais facilidade para estudantes, como alimentação e alojamentos. Tenta mais uma vez o Vestibular e de novo, não obtém sucesso. Trabalha como caixa no Banco Mercantil de São Paulo, acalentando seu sonho. Vendo-o triste num final de ano em que foi em casa, seu pai se compromete a pagar-lhe um ano de curso pré vestibular numa última tentativa. Matricula-se no Curso Bahiense, consegue descontos na bolsa de estudos e logo se torna monitor, prestando ao final o exame vestibular, passando em 106º lugar entre 12.600 inscritos, entrando finalmente na Turma A da Escola de Engenharia., em 1968.
Maria Helena, por essa época também arriscava novos vôos. Conseguindo trabalho no Colégio Notre Dame de Sion, um colégio de freiras, trabalha de manhã como monitora e à tarde como auxiliar de secretaria. À noite faz o Curso de Física, também na Universidade do Brasil. Paulo, destacando-se entre os alunos, obtém a oportunidade de operar o primeiro computador da universidade, orientando alunos em seus trabalhos e pesquisas. Maria Helena, por conta da Física, é orientada por um professor a “estudar Fortran” e por isso, vai ter a unidade de Engenharia, em busca de quem pudesse orientá-la na linguagem dos computadores.
Nessa ocasião conhece Paulo que a recebe, como operador e orientador de computação. Vivamente impressionado, pede ao amigo Antônio que fizesse com que sempre Helena fosse atendida por ele. Perguntado pelo que o impressionara tão vivamente, lembra emocionado da mocinha que se vestia como freira, educada, doce, amorosa e que não precisou de minissaia (moda comum na época) para o conquistar. Maria Helena esclarece que trabalhando com freiras adotava um uniforme como o delas, com blusa e saia até o meio da canela, fechadinho de botão. Ela também fica impressionada com aquele rapaz distinto, vestido com calça de tergal e camisa sempre branca, que tratava a todos muito bem, fosse chefe, diretor ou faxineiro, sempre educado, de caráter nobre, bondoso e atencioso.
Maria Helena se forma em 1971. Paulo em 1974. Os dois se casam em 11/01/1975 às 16h00 na Igreja de São Pedro no Rio Comprido, Rio de Janeiro. Desejosos de terem quatro filhos, colocam como prioridade a formação dos pequenos, e assim Helena passa a se dedicar exclusivamente ao cuidado da casa. Recebem então com amor a chegada de sua primeira filha Ana Paula, que veio ao mundo em 1976 tornando-se filha única, após a perda de dois filhos ainda em formação. A união, completada pela chegada da filha, segue fortalecida. Paulo, porém, conhecedor profundo do coração de Helena, percebe-a triste e propõe-lhe retomar sua carreira no Magistério, sua grande paixão. Helena, feliz aquiesce.
Helena segue sua carreira no Magistério e Paulo na Engenharia. Combinam, tão logo conquistem a aposentadoria, uma mudança para Minas Gerais. Um incidente infeliz, em que Paulo perde a visão, precipita o retorno do casal a Minas, em 1983 por recomendação médica. Novos desafios se apresentam e de novo, unidos, vencem. Recuperada a visão, Paulo retoma suas atividades de engenheiro e Helena, que havia se licenciado, retorna às salas de aula. Cada um seguirá em suas atividades até 1996, quando mudam-se definitivamente para Lima Duarte.
Em Lima Duarte, novos desafios se apresentam!
Paulo por sua competência, é nomeado diretor do Departamento Municipal de Água e Esgotos. Como profissional, ocupa-se de sua função brilhantemente, mas é vítima da polarização político partidária em que vivia a cidade, sofrendo perseguições, injúrias e calúnias, motivadas por adversários políticos do então prefeito, atingindo inclusive sua vida pessoal, que sofre duro golpe.
O amor, baseado na confiança, alicerçada no dia a dia, porém, tudo supera!
Segue o casal sua feliz caminhada, galgando 50 anos de união!
Parabéns Maria Helena e Paulo Roberto!