PATRIMÔNIO IMATERIAL
O modo de fazer o Queijo Minas Artesanal tornou-se Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, reconhecido pela UNESCO, em 4 de dezembro de 2024, no Paraguai. A celebração do reconhecimento do modo de fazer o QMA como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade contou com um aspecto inovador: o show de Drones, promovido pelo estado de Minas Gerais e que tem percorrido as principais cidades de cada região produtora de QMA. Lima Duarte recebeu o show de drones na noite do dia 14/12, quando 100 drones desenharam no céu imagens e palavras que remetem ao queijo e à cultura mineira como um todo. Junto com o espetáculo de luzes, ocorreu a feira de produtores locais e show com músicos da terra.
O título da UNESCO é um reconhecimento do trabalho e qualidade desenvolvidos ao longo de décadas, por produtores rurais e nossas famílias mineiras. Entre tantos queijos gostosos, agora reconhecidos, os produtores do Paiol Velho e do Sítio Primavera já foram premiados em eventos do setor. Temos, também, o QMA produzido pelo Sr. José Jorge, Laticínios Santana e pelos irmãos Reinaldo e Luciana, do Quintal dos Carvalho.
Próximo ao Pico Pão de Angu, em Lima Duarte, os cariocas, advogados aposentados, Jorge Luiz Coutinho Bezerra e Maria Elisa Almeida decidiram se tornar mineiros, adotando um novo lar e uma nova profissão: produtores do Queijo Sítio Primavera. Apaixonaram-se pela vida rural e pela produção queijeira e, em 2013, construíram uma casa, uma pousada aconchegante e uma queijaria. Com empenho, aprenderam os segredos da produção queijeira em cursos do Sistema Faemg Senar. A Queijaria foi construída do zero, fiel às normas sanitárias e à tradição. Então, o Queijo Minas Artesanal Sítio Primavera virou uma estrela na região, inclusive com uma versão curada no vinho, conquistando altos padrões de qualidade. Na ExpoQueijos, conquistaram medalhas de ouro e de prata. Priorizando a qualidade, preferem manter a produção pequena, em torno de 200 queijos por mês.
O casal destaca a importância do reconhecimento do Queijo Minas Artesanal, salientando que os produtores vislumbram agora a esperança de melhorar a venda de seus queijos e o desenvolvimento do Agroturismo. “O Queijo é o símbolo de Minas Gerais! O modo de fazer o queijo, com leite cru, prensado com as mãos, colocado na forma e depois na madeira é uma técnica artesanal e centenária, repassada de pai para filho, que quase desapareceu. O Queijo Minas Artesanal teima em resistir!”, avaliam.
Aqui na Região Serras da Ibitipoca, dentre quinze municípios, estima-se que apenas 11 propriedades produzam, exclusivamente, o Queijo Minas Artesanal, e entre eles vários sem a difícil certificação. “Mas como Fênix, os queijeiros estão ressurgindo e alcançarão o alto, o infinito!”, consideram.
Os Queijos Primavera, em Lima Duarte, como os outros, são elaborados com leite cru, pingo, coalho e sal. Sua casca é lisa, amarelo forte, uma característica das vacas jérsei. Todo processo é manual, desde a ordenha até à embalagem final. Para os produtores, as medalhas prata, ouro e super ouro “trazem o orgulho de dizer que é assim que se faz queijo bão!”
Os produtores de queijo explicam que a candidatura ao título foi proposta pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 2018. Muitos documentos históricos, estórias e ações foram apresentados para convencer os mais de 100 delegados da UNESCO. O QMA viajou para países distantes (Marrocos, Portugal, Espanha e outros). Aqui no Brasil, as Feiras, os Concursos Regionais, tudo era filmado, para mostrar a relação do queijo e a população! A passagem da Kombi do Queijo pelos municípios foi um exemplo dessas ações! A escolha marca a entrada do primeiro item brasileiro …