POR ONDE ANDA?

Temos uma coluna no Jornal LD & Cia. para falar dos limaduartinos que saíram para estudar/trabalhar fora e hoje têm outra vida e família. Essa é uma forma de matarmos um pouco da saudade de nossos parentes, amigos ou conterrâneos e também de valorizar o esforço que tiveram e o estímulo que dão a tantos outros.

Leila Vanilda de Paula está com 52 anos e é Bancária (Coordenadora de Centralizadora). Ela é filha de Magno Rodrigues de Paula (Sr. Magno) e Julieta Resende de Paula (Dona Júlia).
Leila saiu de Lima Duarte em 1990, com “aquele medinho do desconhecido, da novidade, do andar sozinha”, mas considera que foi necessário e a fez traçar um caminho cheio de grandes mudanças e conquistas.
Confira sua trajetória:
Por quê saiu de LD?
A princípio para trabalhar, buscar uma atividade remunerada para auxílio da família. Perdi meu pai muito cedo, tinha apenas 13 anos. Minha mãe se desdobrou para manter o mínimo para três filhos caçulas, dos 11 filhos que teve.
Para onde foi inicialmente?
Para Juiz de Fora… logo ali….
Qual sua trajetória ao longo desses anos?
Em 1990 fui para trabalhar, mas durou pouco. Casei-me em 1991 e saí do emprego. Fui me dedicar a família iniciada. Tivemos uma criação para mulheres voltada para o casamento e acho que aconteceu cedo para mim, tinha 18 anos. Embora extrovertida e parecendo que vim ao mundo para algo mais, eu fui, durante anos, esposa e mãe, uma tarefa que não fica exposta. Tenho orgulho dessa fase. Tentei ser presente, parceira. De certa forma, entendo que consegui. Até hoje entendo que é a atividade mais difícil e complexa, embora a única de total doação.
Fiquei alguns anos como dona de casa. Foram várias mudanças de residência, inclusive para outras cidades, sempre acompanhando o marido por transferências no trabalho, o que foi uma experiência incrível. Morei um Varginha (MG), Recife (PE), Belém (PA) e por último, Brasília (DF), onde estou atualmente.
Já mais amadurecida, desafiando a mim mesma pelo tempo passado, resolvi estudar. Foi em casa mesmo e, para minha felicidade, fui aprovada no concurso público da Caixa em 2004, aqui em Brasília, assumindo o cargo em novembro de 2005, 14 anos depois da profissão de dona de casa e mãe. Foi uma transformação, como se fosse o primeiro emprego. De certa forma, foi. E estou nesse emprego há 19 anos.
Tenho trilhado uma carreira incrível. Fiz meu curso superior, pós graduação, cursos internos, certificações.
Foram 5 promoções com mudanças de função. Subi cada degrau de acordo com a linha sucessória. Fui Assistente Júnior, Pleno, Sênior, Consultora e hoje estou como Coordenadora de Centralizadora de Operações de Cartões.
Hoje “estou” líder de 25 empregados, divididos em 3 equipes, construindo melhorias, criando processos, mantendo operações. Aprendendo todos os dias o que é liderança, gestão, conviver com diferenças e aceitação, limitações e receber o “sucesso” diante das entregas. O estar gestor, embora de muita responsabilidade, me traz grandes alegrias, e a maior delas é que posso fazer diferença para parceiros e empregados vinculados às equipes que estou como líder. Isso é grande demais!!!
Agora, há pouco tempo, cerca de dois meses, fui chamada para posar como modelo… Achei incrível esse acontecimento, inesperado! Fiz meu primeiro trabalho em São Paulo para uma agência de lá. Uma experiência maravilhosa!
Constituiu família? Sim, como falei, casei menina, tinha 18 anos. O nome do felizardo é Adonay… rsrsr. Passamos 17 anos juntos. Nos separamos em 2008. Temos 3 lindos filhos, já adultos: Pedro Yvo com 30 anos, João Victor com 27 anos e Alessandra Raíssa com 26 anos.
Ainda tem parentes em LD? Tenhooooo… muitos…. rsrsr Sim, nossa família é grande. Tenho irmãos, sobrinhos, primos e alguns amigos, que mesmo distantes, no coração, são da família. Cidades do interior podem nos deixar essas marcas para sempre!
Vem sempre aqui? Sim. Antes tinha outros grandes motivos, além das festas gostosas da cidade e familiares. Ia muito para visitar minha mãe, que passou seus últimos anos em Olaria. Faleceu em 2020.
Agora vou para ver a família e nas datas de festas da cidade como carnaval, exposição, gincana. Sempre participo ativamente do carnaval, nos bloquinhos e desfilando para o Bloco do Flamengo. Esse ano participei também do Bloco da Prefeitura, a convite. Não escondo que gosto muito!
Acompanha notícias da terra natal? Como? Sim. Atualmente pelas redes sociais. Sigo páginas dos eventos, de moradores, de instituições da cidade. E participo das rodas de conversas sempre que visito a cidade.
O que acha que LD mudou para melhor? Esses últimos anos, vi mais investimentos na cidade, mas não estou no dia a dia, fica complicado essa observação, fica muito artificial. Vejo um crescimento em comércio no ramo de supermercados e um investimento para o trabalhador rural, o pequeno, e isso acho muito legal! Para a saúde tenho visto investimentos nos bairros e regiões vinculadas a Lima Duarte, facilitando para a população em ocorrências mais simples. Percebo que os eventos culturais, cresceram em qualidade, bem como nas atrações que são muito merecidas pela população.
Mas vi também um amadurecimento das pessoas em sair para buscar oportunidades, se aperfeiçoarem, formar como profissional e vejo que alguns voltam para a cidade para atender a população no seu ramo de atuação.
E para pior? Como turista, nos momentos que visito, sinto falta de programações como mais bares com estrutura para atendimento noturno, alimentação à noite, aonde ir, visitar na própria cidade. Então ela fica como passagem somente para o turista. Percebo hoje que os jovens não se ocupam de coisas saudáveis, se envolvem mais facilmente com drogas e exagero nas bebidas.
Entendo também que precisam investir na educação sexual para a conscientização. Ainda vejo a geração de famílias entre jovens com idade da adolescência. Já era assim na minha época e é algo que vejo que não evoluiu.
Qual conselho você dá para os jovens limaduartinos que estão na fase de decidir o futuro/profissão? Que saiam da zona de conforto que o interior tem, esse abraço do interior que parece casa, para buscar novos horizontes! Estudar é necessário mesmo que sigam outros caminhos depois. Mas estudem, tenham uma graduação, uma pós, isso não emprega, mas se empregado, facilita sua caminhada.
Invistam em estar bem, emocionalmente principalmente. E saibam que o mundo é muito maior e cabe todos nós!!! E se voltarem, entreguem para a cidade tudo que conquistaram fora em forma de melhorias, dedicação, profissionalismo, como muitos fazem hoje. A cidade vai abraçar de volta!

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