CAXIAS NO RIO DO PEIXE

O ano de 1842 entrou para a História do Império como o ano das agitações politico-militares, que acabaram batizadas como Revolução Liberal de 1842.
Naquela época haviam apenas dois partidos no Brasil, o Liberal e o Conservador. Se por um lado, no período Regencial houve um crescimento da influencia dos Liberais, a Maioridade antecipada de Dom Pedro II acabou por reforçar os Conservadores, que elegeram um Gabinete e introduziram profundas reformas.
Descontentes com essas reformas, membros do Partido Liberal nas províncias de São Paulo e Minas Gerais tomaram armas, destituíram os presidentes de província e inciaram uma marcha em direção ao Rio de Janeiro.
Em Minas Gerais, o líder da revolução era Teófilo Otoni, que iniciou o movimento em 10 de junho de 1842, em Barbacena, logo declarada capital do movimento revolucionário, sendo pelos liberais aclamado Presidente da Província, Feliciano Pinto Coelho da Cunha, anos mais tarde agraciado com o título de Barão de Cocais. Combates ocorreram em várias regiões de Minas, espalhando-se logo o movimento. O Caminho Novo, principal estrada de ligação do Rio de Janeiro com Minas Gerais, foi tomado pelos Liberais. A Ponte do Paraibuna, em Simão Pereira, foi de início tomada e depois incendiada para impedir as tropas imperiais de entrarem em Minas.
Diante disso, as tropas imperiais tiveram que entrar em Minas pela região de Rio Preto, onde chegaram, em 15 de julho de 1842, o então Barão de Caxias e seu irmão, o Conde de Tocantins. No mesmo dia, o Conde de Tocantins e o Tenente Gabriel Monteiro de Barros sobem em direção à Serra Negra, acompanhados da Terceira Coluna (de Infantaria), preparados para enfrentar renhido combate na Garganta do Alto da Serra.
Os Liberais haviam montado acampamento no alto da Serra Negra, onde dificilmente seriam vencidos, pela posição privilegiada que ocupavam. Na região do Rio do Peixe, chegaram a ser mobilizados mais de 700 combatentes, em favor da causa liberal, reunindo homens de Aiuruoca, Santana do Garambéu, Ibitipoca, Carrancas, Turvo (Andrelândia) e mesmo moradores de Dores do Rio do Peixe. Ao final, toda essa força desertou, desanimada com o avanço das tropas imperiais.
No dia 16, a Terceira Coluna dobra a Serra Negra, sem encontrar resistencia, verificando que o acampamento dos liberais no alto da serra havia sido abandonado, seguindo dia 17 em direção ao Rio do Peixe, acampando no Ribeirão de Santana, à margem esquerda do Rio do Peixe. Ali permanece estacionada, seguindo depois para Várzea do Bromado, onde acampa.
O Barão de Caxias chega com a Cavalaria dia 29 de julho, acampando ao lado do antigo cemitério de Olaria. No outro dia, segue para Ribeirão de Santana, onde assume o comando das tropas. Nesse mesmo dia, segue com piquete de Cavalaria em direção à Barbacena, subindo pela Várzea do Bromado. A Terceira Coluna, então segue em marcha também para Barbacena, saindo do Bromado e acampando no Pinhal, seguindo dia 31 para Ibertioga, a 30 km do Pinhal. De Ibertioga, as tropas imperiais seguiram à Barbacena, culminando ao final, na grande batalha ocorrida em Santa Luzia, onde os liberais foram derrotados em 20 de agosto.
Entre os cidadãos do Rio do Peixe, que integraram a Terceira Coluna, combatendo até a batalha final, ao lado de Caxia estão João de Deus Duque e seus cunhados Francisco Delgado Motta e Joaquim Delgado Motta, dentre outros.
Entre os liberais, foram registrados os nomes de Manoel Teodoro Rodrigues, Antonio Pinto Ramiro e Manoel Teodoro de Souza.
O Barão de Caxias seguirá sua carreira político-militar, recebendo em 1845 o título de Conde, em 1862, o de Marquês e finalmente em 869 o título de Duque, pelo qual é mais conhecido, como Duque de Caxias.

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