OB – OSCAR BAUMGRATZ
MARCO ANTÔNIO SILVA
No século XIX, quando a povoação do Rio do Peixe deu seus primeiros passos em direção à urbanização, com a formação do núcleo original da atual cidade, as construções eram feitas com materiais encontrados na própria natureza.
As árvores de lei, como perobas, braúnas e aroeiras, por sua resistência aos cupins, viravam esteios, linhas e vigas das paredes e telhados. Os cedros e canelas, macios e facilmente trabalháveis, viravam folhas de portas e janelas, resistentes às chuvas e ao sol. As palmeiras eram derrubadas e abertas a machado, gerando as ripas que suportavam as telhas de capa e bica, por aqui mesmo fabricadas.
As paredes eram feitas de trançados de bambus, ripas de coqueiro ou bambu, barreadas com uma mistura de terra de barranco, esterco de boi, capim picado e tabatinga.
Tudo isso repousava sobre alicerces de pedra seca, tiradas dos matacões no meio dos pastos ou nas pedreiras. Assim foram construídos todos os prédios, da mais humilde casa dos homens à Matriz, até 1872.
Por volta de 1870, uma família de imigrantes alemães chega à cidade, liderada por Carlos Frederico Baumgratz, que acabara de construir a Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte em Barbacena. O fazendeiro João Ribeiro de Paiva o convidou para construir em nossa cidade a Igreja do Rosário.
Aqui chegando, Carlos se estabeleceu na “Várzea”, entre a Barreira e o centro, formando sua olaria e construindo, em 1872, a primeira casa erguida em tijolos da vila do Rio do Peixe, atual cidade de Lima Duarte. Casando-se com Ana Hotun, em 1876, Carlos teve com ela, cinco filhos, dos quais um se destaca, seguindo a tradição construtora do pai.
Oscar von Baumgratz nasceu na então vila do Rio do Peixe, atual Lima Duarte, aos 8 de setembro de 1881. Foi, sem dúvida, um dos maiores construtores do início do século XX em Lima Duarte.
Suas obras incluem muitos casarões no centro da cidade, igrejas como a do Rosário em Ibitipoca e inúmeras fazendas, espalhadas pelo interior do município.
Naquela época era comum o empreiteiro assumir toda a cadeia de produção, desde a preparação do terreno com aterros e desaterros, a extração e transporte de pedras para os alicerces, a fabricação de tijolos, derrubada e preparação de todo o madeirame para telhados, assoalhos, portas e janelas.
Os tijolos fabricados por Oscar são conhecidos por sua qualidade e dimensões, em torno de 24cm x12cm x7cm, além de suas iniciais “OB” gravadas em baixo relevo numa das faces.
Alguns dos casarões que ergueu ainda se mantém na Rua José de Sales e outras ruas do centro, testemunhando sua obra na cidade.
Nos quadros de segunda linha do Exército, atingiu a patente de Coronel, sendo relacionado nos Almanaques da República compondo grupo de oficiais com José de Sales, João Honório de Paula Mota, Jacinto Honório, Carlos Moreira, dentre outros.
Faleceu em Lima Duarte aos 21 de abril de 1950, deixando ilustre e numerosa descendência, fruto de seu casamento com Rita Venância.