A AMPLITUDE TÉRMICA E SEUS RISCOS PARA A PECUÁRIA

Ana Carla Baumgratz Rafael Victor Fernandes

Muito tem se falado, no setor agropecuário e na mídia, sobre os milhares de bovinos mortos pelo frio no Mato Grosso do Sul (MS). Até o momento, mais de 2700 cabeças, entre bezerros, vacas e bois adultos, vieram a óbito em 18 cidades diferentes na região do Pantanal Sul-mato-grossense, com uma estimativa de mais de R$ 10 milhões de prejuízo para os 90 produtores afetados. Esse acontecimento acende um alerta entre os pecuaristas de todo o país, visto que, acabamos de entrar no inverno, que traz consigo um clima muito rigoroso em diversas regiões.
A onda de frio extremo, caracterizada por uma inversão térmica repentina (inferior a 9 horas, nesse caso), causou um rápido declínio na temperatura de 30°C para apenas 4°C. Associando a mudança brusca de temperatura, os animais enfrentaram chuvas, ventos intensos e temperaturas ainda mais baixas no dia seguinte. Essas condições extremas levaram os animais ao estresse, causando quadros severos de hipotermia, causa do número elevado de mortes.
Embora a morte de gado não seja um evento incomum no estado, sendo registrados casos semelhantes em 1994, 2000 e 2010, as condições atuais são graves devido a continuidade do frio e a impetuosidade da onda de baixas temperaturas.
Em entrevista, Daniel Ingold, presidente da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de Mato Grosso do Sul (Iagro), ressaltou que a proteção dos animais é desafiadora, principalmente nas áreas abertas, sem vegetação adequada para abrigo. Na região pantaneira a exposição dos animais ao frio é muito maior, devido o bioma estar em época de cheia, ser uma planície e com poucos abrigos naturais. Ingold recomendou que os produtores da região busquem áreas onde os animais possam se proteger naturalmente e destacou uma iniciativa local que utiliza fogueiras em áreas restritas como medida paliativa.
Muitas pessoas residentes de regiões frias, como os estados do sul brasileiro, questionaram muito a veracidade dos fatos quando as imagens começaram a ser divulgadas, visto que, alegaram que os animais nessas regiões enfrentam temperaturas mais baixas e climas mais rigorosos, mas a questão em si não é só o frio enfrentado, mas sim a amplitude térmica a qual os animais são expostos. Amplitude térmica nada mais é do que a variação entre a maior e a menor temperatura em um período determinado. Se a variação térmica for brusca em pouco tempo, o organismo dos animais não tem chance de se adaptar aos desafios que irá enfrentar, independente de seu estado nutricional, variando individualmente.
Infelizmente é muito difícil nos anteciparmos aos entraves que o clima nos proporciona e mais difícil ainda projetarmos os prejuízos que podemos ter, mas a medida que produzimos animais mais saudáveis, com nutrição adequada e com os desafios dentro de limites toleráveis, conseguimos animais com maior competência para lidar com situações extremas.

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