SECAGEM DE VACAS LEITEIRAS:

QUAL A IMPORTÂNCIA DESSE PROCEDIMENTO?

A secagem das vacas leiteiras é um processo que interrompe a lactação, ou seja, o animal deixa de ser ordenhado. Secar uma vaca é importante, principalmente, para a regeneração dos tecidos secretores do leite e, consequentemente, uma produção maior e com melhor qualidade desde o colostro.
O período seco está compreendido entre o final da lactação e o próximo parto, tendo aproximadamente 60 dias de duração. Partindo desse ponto, os animais aptos à secagem são os que estão no sétimo mês de gestação, salvo as exceções de animais com baixa produção, que tem seu período seco antecipado, pois se torna inviável sua manutenção em lactação devido aos custos de produção serem elevados e esses animais não responderem adequadamente. Dentro de condições de manejo e nutrição específicas, consegue-se sucesso com períodos secos com até 45 dias, mas não é a realidade da maior parte das fazendas leiteiras brasileiras. Pesquisas mostram que períodos secos superiores a 70 dias tendem a aumentar a incidência de problemas metabólicos pós-parto, e períodos inferiores a 45 dias normalmente fazem com que a vaca produza menos leite na lactação subsequente.
Em geral, o processo de secagem deve ser efetuado de forma abrupta, ou seja, sem grandes alterações na rotina dos animais até que os mesmos sejam ordenhados pela última vez. O manejo das vacas no período pré-secagem é muito variável nas fazendas brasileiras e, na verdade, em todo o mundo. Infelizmente, muitos produtores, com o intuito de reduzir a produção de leite antes da secagem, submetem as vacas, em especial as mais produtoras, a períodos de restrição alimentar e hídrica por longos períodos. Obviamente, esse tipo de manejo causa grande estresse ao animal e, portanto, não é recomendado por inúmeros motivos de ordem fisiológica, aliado ao fato desses animais estarem no terço final de gestação, fase crítica para o desenvolvimento do feto e que demanda grande aporte energético do organismo da mãe. Vacas que estejam com produção elevada próxima à secagem devem ter sua dieta reajustada para que o próprio organismo faça com que haja redução da produção de leite, mas sem que seu organismo seja penalizado.
Associa-se a finalização da lactação o uso de antibióticos intramamários próprios para o período. A antibioticoterapia nesse período atua tanto na prevenção de mastite durante a secagem e no pós-parto imediato, como no tratamento de mastites subclínicas identificadas previamente. Para que consigamos sucesso no controle da mastite nesse período é importante a realização de cultura do leite dos animais a serem secos, pois com isso identificamos os indivíduos que possuem mastite subclínica, os agentes causadores e o melhor antibiótico a ser usado em cada caso. Essa ferramenta ajuda também no descarte de animais que são potenciais fontes de infecção para o rebanho, visto que, alguns patógenos não respondem ao uso de antibióticos, como o estafilococos aureus, micoplasma e algas unicelulares.
Durante essa “pausa” entre lactações, a glândula mamária passa por um processo bastante ativo a nível celular e endócrino, de involução e posterior renovação do tecido glandular secretor de leite, em preparação para a próxima lactação. Como já é de se esperar, vacas com maiores produções de leite tendem a se contaminarem nesse período com maior facilidade, o que torna mais problemático todo o processo para esses animais. Visando minimizar os efeitos colaterais para esses animais, hoje temos ferramentas que nos auxiliam no período mais crítico da secagem, os primeiros 15 dias. Associamos ao antibiótico intramamário os selantes de teto e os facilitadores de secagem farmacológicos. O selante de teto faz um tampão no canal do teto, o que cria uma barreira mecânica à entrada de patógenos dentro do úbere e inibe o vazamento do leite que ainda é produzido pelo tecido mamário. Já os facilitadores de secagem são medicamentos que irão atuar na diminuição do acúmulo de leite, na redução do edema de úbere e melhora a imunidade da glândula mamária.
Ainda não se sabe muito sobre os efeitos que os diferentes estresses que as vacas passam durante a secagem podem acarretar para a próxima lactação ou mesmo para o feto que a vaca está gestando nesse período. Uma característica que deve ser cuidadosamente observada durante o período seco é o escore de condição corporal (ECC), que nada mais é que a classificação visual da condição nutricional dos animais. Sabe-se que vacas muito gordas têm mais predisposição a problemas metabólicos pós-parto e fertilidade reduzida, o que atrasa a concepção e, consequentemente, o próximo parto. Vacas que perdem condição corporal entre o momento da secagem e o parto, além de terem aumento nas taxas de problemas pós-parto, apresentam altos índices de descarte involuntário do rebanho. Portanto, além de todos os cuidados no momento da secagem, é de extrema necessidade que o escore das vacas seja muito bem manejado no período pré-secagem, durante a secagem e no pós-parto.
Vale ressaltar que o escore corporal de vacas de leite deve ser corrigido durante a lactação e não durante o período seco, mas é o momento ideal para avaliarmos onde devemos ajustar manejos e dietas, para que os problemas no pós-parto imediato seja reduzido, aumentando assim a lucratividade da atividade.

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