PAPILOMATOSE

Amplamente conhecida como figueira ou verruga, a papilomatose bovina é uma doença cosmopolita e está intimamente associada à imunidade do rebanho acometido. Essa doença infectocontagiosa apresenta elevada prevalência entre os rebanhos das mais variadas regiões do nosso país.
A papilomatose é uma doença de caráter viral, crônica e caracterizada por desenvolvimento de tumores benignos na pele e mucosas. A literatura atual descreve seis diferentes tipos de vírus que podem acometer os bovinos, o que explica as diferentes formas tumorais, as diferentes regiões do corpo acometidas e, até mesmo, a característica autolimitante em alguns animais.
Animais jovens são mais suscetíveis, mas a doença pode se desenvolver em qualquer faixa etária. Entre as raças, a Holandesa apresenta a maior predisposição ao desenvolvimento da figueira. Os levantamentos epidemiológicos mostram que além do estado imunológico dos animais, o sistema de criação interfere diretamente, ou seja, o agrupamento dos animais em sistemas de semiconfinamento e de confinamento predispõe ao surgimento da doença.
Vale ressaltar que a principal forma de transmissão da doença se dá através de fômites (tatuadores, brincadores, agulhas e outros equipamentos), equipamentos de ordenha, cordas, bebedouros, cochos, cercas, moscas hematófagas e carrapatos. Existe também a transmissão direta, ou seja, de animal para animal.
É importante ter em mente que é necessário uma “porta aberta” para que o vírus adentre o organismo do animal, por isso, as fômites e a ordenha apresentam um expressivo papel na disseminação da doença no rebanho. Além da aparência desagradável, a doença pode causar prejuízos incalculáveis aos criatórios, principalmente ligados à diminuição da produtividade.
Há a desvalorização do couro, desenvolvimento retardado, depreciação do valor do animal para comercialização, problemas reprodutivos (tumores localizados na vulva e pênis), pode provocar surgimento de mastite (tumores localizados nos tetos), porta de entrada para infecções secundárias, desenvolvimento de miíase, descarte involuntário de animais de alto valor zootécnico e, há casos, em que os tumores benignos transformam-se em carcinomas.
Os tipos de papilomas mais comumente encontrados são os pedunculados e os planos. O primeiro tipo tem aspecto de “couve-flor”; com sua base de inserção ampla ou estreita; com superfície irregular, cornificada e sem presença de pelos; com coloração que varia do acinzentado ao preto e tamanho variável. Esse tipo de verruga destaca-se da pele com bastante facilidade, necessitando de uma pequena torção na base para que seja retirado.
Os papilomas planos, por sua vez, não se destacam da pele com facilidade, necessitando de intervenção cirúrgica para sua retirada. Esses são achatados, com coloração que varia do branco ao preto, podem apresentar pelos e possuem base ampla.
O diagnóstico da doença é feito associando-se o exame físico do animal, a epidemiologia da doença e o manejo ao qual o rebanho é submetido. Entretanto, o médico veterinário deve fazer o diagnóstico diferencial com granulomas infecciosos, como a tuberculose e a actinomicose, por exemplo, lesões crostosas da febre aftosa e dermatofilose. O pescoço, a cabeça, a periferia dos olhos e tetos são, geralmente, as áreas mais afetadas. Ainda podem desenvolver-se no esôfago, causando timpanismo crônico, boca, língua, região genital e bexiga.
Em propriedades que a enfermidade acomete poucos animais e que o número de verrugas é reduzido, o procedimento cirúrgico pode ser eleito como tratamento, visto que, fazendo-se a extirpação dos papilomas, o animal deixa de ser um disseminador do vírus pelo rebanho.
Existem muitos tratamentos disseminados entre veterinários e produtores, mas nem sempre são eficazes, uma vez que cada organismo comporta-se de uma maneira diferente no transcorrer do tratamento. Há tratamentos com químico-corrosivos, onde a aplicação é feita diretamente sobre as verrugas e, em geral, são associados a tratamentos sistêmicos.
Uma alternativa muito interessante para o controle e erradicação da doença no rebanho é a vacina autógena. Ela consiste no desenvolvimento de uma vacina específica para o rebanho, onde a matéria-prima (os próprios papilomas) é retirada dos animais acometidos que serão tratados posteriormente.
Além dos tratamentos específicos para a doença, muitas vezes medicações utilizadas para melhorar a imunidade do animal associadas à nutrição adequada, trazem resultados surpreendentes, visto que, sabemos que em muitos casos a doença é autolimitante. As principais medidas profiláticas da doença recomendadas são: não adquirir animais com a enfermidade, enfatizar o controle das moscas hematófagas e de carrapatos, realizar a desinfecção das fômites durante e após os procedimentos, manejar animais infectados por último e, se possível, mantê-los isolados durante o tratamento, descarte de animais muito acometidos ou que não responderam de forma eficiente ao tratamento e desinfecção das mãos do ordenhadores e/ou das pessoas envolvidas durante manejo vacinal e afins.

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