PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA EM LIMA DUARTE
A notícia da Proclamação da República e do banimento da Familia Imperial, em 15 de Novembro de 1889, no Rio de Janeiro, demorou alguns dias a chegar a Lima Duarte.
Naquela época, os Correios, em lombo de mula, passavam de cinco em cinco dias na cidade, fazendo com que as notícias chegassem sempre atrasadas.
Confirmados os fatos pelos jornais, alguns cidadãos logo se manifestaram e convocaram a Câmara Municipal, que em caráter extraordinário, se reuniu no dia 23 de novembro de 1889, afim de deliberar sobre o fato, aderindo unanimente à nova forma de governo.
O povo, acompanhando a banda de Música Sagrado Coração de Jesus, invadiu o Paço da Câmara, portando bandeiras, estandartes e flâmulas de cores e símbolos republicanos, esperando ansioso pela Proclamação de Adesão à República, feita pelo Secretário da Câmara.
Este proclamou a adesão do Município de Lima Duarte à nova forma de governo, disto fazendo comunicação ao Governdor do Estado de Minas, ao que a população respondeu com vivas à Republica, ao Governo Provisório, ao governador de Minas e à Camara Municipal.
A banda, arrematando os vivas, tocou A Marselhesa, enquanto todos os presentes assinavam a ata.
Discursaram dentre outros, o Capitão Manoel Antonio Duque e o Vigário Padre Pedro Nogueira.
Finda a cerimônia, saem banda, povo e vereadores em passeata, parando defronte a várias casas de ilustres republicanos, como a casa do Delegado de Polícia, Manoel Duque, Carlos Baumgratz, Manoel Caixeiro e Dr. Vieira Pinto, o qual discursou.
Da parte do povo, animado pela Marselhesa, reiteradas vezes tocada pela banda, irrompiam vivas ao governador de Minas, Cesário Alvim, Bias Fortes e outros.
O destacamento do Corpo de Polícia de instante a instante dava uma descarga de tiros de fuzil e de todos os ângulos da cidade ecoavam salvas cuja estampidos enchiam os ares.
Mas a festa ainda estava incompleta! O principal líder da cidade, Comendador João de Deus Duque, republicano de longa data, estava já idoso e doente. Incapacitado de comparecer, festejava solitário em sua fazenda no Bom Retiro. A população, solidária, juntou-se à banda, Vigário, Vereadores e Corpo de Policia e partiram todos rumo à fazenda, numa caminhada de dois quilômetros.
Lá chegando, em meio a vivas, foguetes, tiros de fuzil e muita música, saudou o velho chefe, em nome do povo, o Vigário Pedro Nogueira, tendo também discursado o escrivão da Coletoria e o professor público.
João de Deus Duque, emocionado, agradeceu a presença de todos, e manifestou sua alegria pelo fato de que a vitória republicana tenha sido feita com ordem, prudência e dedicação, conclamando todos os cidadãos para que ajudassem com o que estivesse a seu alcance, afim de se obter a paz, a união e a fraternidade, lamentando não poder estar com o povo pelo estado precário de sua saúde.
A passeata retornou à cidade às 8 horas da noite.
As festas prosseguiram até o feriado do dia 8 de dezembro, encerrando com te Deum na Igreja Matriz, dirigido pelo republicano Vigário Padre Pedro Nogueira.
Assim começou a República em Lima Duarte!
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