VERMINOSES EM BOVINOS

"Prevenir é melhor que remediar" - Ana Carla de Oliveira Baumgratz - Médica Veterinária

Supostamente um assunto ultrapassado, sobretudo se levarmos em consideração o nível tecnológico que a produção animal brasileira se encontra; no entanto, nos espantamos com os prejuízos diretos e indiretos causados pela presença em demasia desses parasitas. As verminoses são um grande problema sanitário nos rebanhos bovinos, caprinos, ovinos e também entre os equinos.
Uma grande variedade de vermes podem parasitar os bovinos e, em geral, serão encontrados habitando os sistemas gastrointestinal e respiratório. Por diferentes mecanismos os parasitas poderão ocasionar transtornos ao bom funcionamento dos órgãos parasitados com repercussões sistêmicas sobre o indivíduo, podendo se tornar a porta de entrada para outras tantas doenças a esse organismo debilitado.
As infestações por vermes gastrointestinais apresentadas pelos bovinos geralmente são múltiplas, ou seja, por mais de uma espécie de verme. Nestes casos os danos causados são a somatória das ações das diferentes espécies. Os efeitos dos parasitas sobre os bovinos dependem de diversos fatores, relacionados aos animais, aos próprios endoparasitas e ao meio externo.
Animais tristonhos e abatidos; pelos arrepiados e secos; abdômen aumentado; redução da ingestão de alimentos; emagrecimento progressivo durante longos períodos; desenvolvimento retardado; ingestão de terra, madeira ou outros objetos; diarreia, fezes escuras e/ou com sangue; anemia; e desidratação são possíveis sintomas de verminoses. Em casos onde não há suporte ao organismo debilitado e a carga parasitária torna-se muito elevada, o animal poderá vir a óbito.
Os animais jovens são mais sensíveis às verminoses que os animais adultos, entretanto em bovinos de corte, os bezerros nos primeiros meses de vida, correm menor risco de serem afetados, principalmente, por terem baixa ingestão de pastagens e, consequentemente, uma menor ingestão de larvas desses parasitos. Por outro lado, do período do desmame aos 24-30 meses, os bovinos de corte são extremamente suscetíveis e acometidos pelas verminoses. Em bovinos de leite temos os bezerros como a grande maioria dos afetados, principalmente, nas criações extensivas, onde os bezerros têm acesso livre as pastagens muito cedo.
Animais bem nutridos suportam melhor os efeitos das verminoses. Nas épocas secas, com a diminuição da quantidade e da qualidade das pastagens, os problemas com vermes se agravam, visto que, as condições ambientais tornam-se desfavoráveis para desenvolvimento, sobrevivência e dispersão das larvas, aumentando significativamente a carga parasitária dos indivíduos.
O controle das verminoses é um grande desafio para os produtores e veterinários devido a sua complexidade, gastos com medicações e, em muitos casos, a ineficiência das drogas por uso indiscriminado ou até mesmo a resistência pré-estabelecida pelos vermes. Para que se tenha o Máximo sucesso no controle de verminoses é necessário associar os controles das fases de vida livre (pastagens) com o da fase de vida parasitária.
O controle dos vermes nas pastagens tem por objetivo reduzir o número de larvas e, consequentemente, a ingestão das mesmas pelos bovinos. Com a rotação ou vedação temporária dos pastos (30-45 dias) podemos alcançar até 80% de eliminação das larvas, mas sempre respeitando um tempo de ocupação reduzido. Alguns fungos, bactérias e o besouro “rola-bosta”, como é conhecido popularmente, atuam como controle biológico nas pastagens. Os tipos de controle da forma parasitária são classificados em curativo, supressivo, tático e estratégico, sendo esse o mais eficiente economicamente e biologicamente.
O controle curativo abrange apenas os animais que apresentem manifestações da doença; o supressivo lança mão da medicação sistemática em períodos de tempo pré-estabelecidos independente da condição parasitária dos animais; no tático os animais serão medicados quando existir alguma condição ambiental que favoreça a verminose e/ou algum manejo que o torne oportuno. O controle estratégico é preventivo, com resultados a médio/longo prazo, onde as vermifugações serão realizadas nos meses onde a carga parasitaria no animal encontra-se maior; levando a uma redução na eliminação das formas capazes de infectar as pastagens, quebrando o ciclo de desenvolvimento dos vermes.
É de extrema importância que o calendário de vermifugação das propriedades, leite ou corte, seja desenvolvido juntamente com o veterinário, respeitando-se as diferentes fases de desenvolvimento dos animais e o ciclo de vida dos vermes, associados à viabilidade econômica e escolha do fármaco que trará a máxima eficiência.

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