PSICOLOGIA – ABBAC

A sede da Associação Brasileira Beneficente de Apoio ao Cidadão (ABBAC) em Lima Duarte presta consultas e exames em diversas especialidades médicas. Sendo assim, a cada edição, irá abordar um tema de saúde, consultando especialistas na área.
Nesse mês, entrevistamos a Psicóloga Natália Castro de Almeida, que falou sobre os problemas que podem ser prevenidos e tratados através dessa especialidade.
Aproveitamos, também, pra abordar o tema do suicídio, já que no próximo mês temos a Campanha Setembro Amarelo, que tem o objetivo de promover a conscientização da população acerca do tema, além de esclarecer quais os fatores de risco e proteção relacionados ao suicídio.
Confira:
Nome e formação:
Meu nome é Natália Castro de Almeida, sou psicóloga formada pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora em 2015 (CRP: 04/45485), e especializada em Psicologia Clínica na abordagem Gestalt terapia pelo Centro Universitário Governador Ozanam Coelho.
Há quanto tempo atende em Lima Duarte? Você atende todas as idades?
Desenvolvo o trabalho no município de Lima Duarte desde fevereiro deste ano, atendendo o público de crianças, jovens, adultos e idosos. E atuo também no atendimento de casais e famílias.
Quais os principais casos atendidos pela Psicologia?
A Psicologia está presente em diversos contextos, exercendo seu trabalho onde possam existir diferentes formas de sofrimento mental, que podem ser desencadeados desde uma dificuldade de readaptação a uma nova realidade, a até transtornos mentais mais graves, como por exemplo, as síndromes psicóticas. Além de a Psicologia atuar na área preventiva, pode evitar o agravamento de um transtorno já existente, e tratar os sintomas decorrentes da ansiedade e depressão, por exemplo. Cuida também de pessoas que estejam com transtornos relacionados à alimentação e ao abuso de substâncias psicoativas.
Como as pessoas podem evitar esses tipos de problemas?
Estando atenta à sua saúde mental e tendo oportunidade de permanecer em um acompanhamento psicológico. Dessa maneira, a pessoa alcança a possibilidade de se perceber com mais clareza e de conhecer de que forma algumas situações podem atingi-la negativamente. A psicoterapia promove o autoconhecimento, sendo lugar seguro para que a pessoa entre em contato com suas dores e dificuldades, tendo como consequência o autoconhecimento e a ressignificação de conflitos e traumas que tenha vivenciado e sofrido. Os cuidados com a saúde mental não impedirão que novos problemas surjam. No entanto, há melhora significativa na maneira de lidar com eles e na resolução da situação. Ou seja, entrar em contato com suas emoções e permitir-se senti-las é um caminho de possibilidade para lidar de uma maneira saudável com sua questão.
Existem doenças mais graves causadas por problemas psicológicos? Quais?
Existem transtornos que podem causar um prejuízo maior para a pessoa que o apresenta e para quem convive com ela, como, por exemplo, a dependência de álcool e outras drogas, e os transtornos psicóticos. Todavia, não devemos comparar ou mensurar o sofrimento de uma pessoa, pois qualquer desordem mental é algo grave para quem o vivencia.
Como evitar o agravamento de problemas nessa área?
Procurando ajuda especializada, respeitando o seu próprio tempo e dos processos de tratamentos necessários.
Qual a relação entre psicologia e psiquiatria? Quais as diferenças principais nos tratamentos?
A psicologia e psiquiatria cuidam da mente e podem trabalhar de forma complementar no tratamento de uma pessoa. A psiquiatria é uma especialidade médica que tem o foco no cuidado fisiológico e biológico, atuando e modificando a química do corpo, podendo fazer uso de medicações para atingir o objetivo do tratamento.
A psicologia busca a compreensão do “como”, de que maneira a pessoa que está com o transtorno mental lida com tal adversidade e com outras questões, considerando seu contexto atual. Através da fala, a pessoa que está em acompanhamento psicológico consegue “dar-se conta”, conscientizar-se de como suas emoções estão surgindo e influenciando suas ações.
Temos ouvido falar muito ultimamente de depressão, síndrome do pânico, distúrbios alimentares com fundo psicológico, envolvimento com drogas, opção sexual e suicídios. Esses casos têm aumentado agora, em função da pandemia ou estão sendo mais divulgados? Como evitá-los e tratá-los pela psicologia?
Estudos recentes apontam que, junto com a pandemia, veio também o aumento de casos de depressão e ansiedade, e que tem se pensado, mundialmente, na inclusão de tratamentos em saúde mental relacionado ao Covid-19.
Devo destacar que, na psicologia, é utilizado o termo ‘orientação sexual’ e que este não é classificado como transtorno, sendo desnecessário um tratamento relacionado a essa questão.
As crianças e adolescentes têm tido mais problemas psicológicos/psiquiátricos relacionados à separação dos pais, bulying e outros?
É possível observar que o número de atendimentos a esse público tem aumentado nos últimos anos, principalmente por questões emocionais relacionadas à baixa autoestima, ansiedade, comportamentos autolesivos. Na maior parte das vezes esses sintomas estão relacionados ao uso excessivo de redes sociais, onde os adolescentes acabam tendo contato com padrões de beleza e comportamento inatingíveis na realidade. Ultimamente problemas decorrentes do bullying têm se tornado mais frequentes nos consultórios de psicologia, possivelmente pela maior visibilidade do assunto nos meios de comunicação.
Existe sexo e uma faixa etária que mais procura o serviço de Psicologia?
De uma maneira geral, as mulheres estão mais atentas às questões relacionadas à saúde, não sendo diferente quando se trata de saúde mental. Pessoas idosas e do sexo masculino são, na maioria das vezes, mais resistentes a iniciar um acompanhamento psicoterapêutico.
Após o diagnóstico da maioria das doenças, como é feito o tratamento?
O tratamento especializado é individualizado para cada caso.
A procura por tratamentos psicológicos aumentou durante a pandemia da Covid 19? Por quê?
Sim. O isolamento social, instabilidade financeira/capacidade para trabalhar, mudança no convívio familiar e na rotina, perda de familiares e amigos, solidão, medo de se infectar foram fatores que contribuíram para o aumento de problemas emocionais e consequente aumento da demanda de atendimento em saúde mental.
Como evitar adoecer por enfrentar essa pandemia, com mudanças tão drásticas no modo de viver e relacionar com as pessoas?
Não existe uma resposta objetiva para essa questão. Porém, as pessoas podem procurar estar em contato com suas emoções para saber identificar precocemente sinais de instabilidade emocional. A partir daí, é fundamental buscar atendimento profissional para lidar com as adversidades. Além disso, é muito importante que os indivíduos criem uma rede de apoio (família, amigos, vizinhos, Equipe da Atenção Primária em Saúde) para suporte nos momentos mais difíceis.
Quais as principais causas de suicídios?
A causa é multifatorial, podendo ser efeito uma interação complexa de fatores biológicos, psicológicos, culturais, psicossociais. Sendo assim, não é possível apontar uma única causa e nem apontar “culpados”.
Existe sexo e faixa etária mais comum de cometer suicídios?
Estudos apontam que a frequência de tentativa de suicídio é maior entre mulheres. No entanto, a taxa de morte por suicídio é maior entre os homens.
Como a Psicologia trata pacientes que chegam a pensar em suicídio, para evitá-los?
Nessa situação é fundamental identificar a gravidade da ideação suicida. Dependendo do caso, além do atendimento psicológico regular, o paciente precisa ser acompanhado em conjunto com a psiquiatria.
Os casos graves e com risco iminente de suicídio são encaminhados para internação psiquiátrica. A rede de apoio (amigos, familiares, comunidade em que vive) também deve ser inserida na abordagem terapêutica desses pacientes.
As campanhas de saúde e educativas de prevenção ao suicídio são feitas há quanto tempo? Surtem bons efeitos?
No Brasil, a Campanha Setembro Amarelo, teve início em 2015. Essa campanha é importante para disseminar informações acerca do suicídio e formas de identificar problemas em saúde mental. Além de ser um dispositivo importante para diminuir os estigmas sobre o tema, é também um importante meio de promover a discussão sobre a importância da saúde mental.
Temos, no Brasil, uma organização civil e filantrópica que realiza importantes trabalhos relacionados ao tema. O CVV (Centro de Valorização da Vida) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone (188), email e chat 24 horas todos os dias (https://www.cvv.org.br).
O tema exposto é delicado e complexo, não se extinguindo por aqui. Sempre procure cuidar-se por inteiro e procure ajuda caso sinta necessidade.

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