DERMATOFITOSE

Ana Carla de Oliveira Baumgratz - Médica Veterinária

A dermatofitose, conhecida como tinea ou impinge, é uma dermatite localizada, causada pela invasão da pele e dos pelos por fungos. Os principais causadores da doença são o Trychophyton verucosum e o T. mentagrophytes, em menor escala, o Microsporum canis.
A doença é uma zoonose, o que necessita de cuidados no contato com os animais contaminados. O contato com o fungo nem sempre resulta em infecção, visto que há uma série de fatores ligados ao animal (idade, sistema imune, doenças concomitantes, estado nutricional e outros), que podem favorecer o estabelecimento da doença.
A dermatofitose acomete, em geral, bezerros de até 1 ano de idade, animais imunodeprimidos, debilitados e magros. A impinge é uma doença de rebanhos populosos e, em geral que estejam estabulados, podendo acometer de 50-70% do rebanho durante os surtos. Instalações escuras e úmidas são ideais para o desenvolvimento e permanência dos esporos (forma fúngica no ambiente) viáveis. Os esporos encontram-se por todo o pelo dos animais doentes, mas também estão presentes em ferramentas de manejo, nas instalações, cercas e, claro, nas próprias lesões cutâneas.
Apesar de o animal doente ser a principal fonte de infecção, as moscas e a cama atuam como importantes disseminadores da doença. As lesões características da doença são áreas circulares de alopecia (perda de pelo), com presença de crostas, podendo, também, ter pápulas, nódulos e/ou úlceras, com coloração acinzentada ou amarronzada.
Inicialmente a pele é acometida e, posteriormente, os folículos pilosos, o que resulta na formação dos esporos. Essas lesões são encontradas ao redor dos olhos, fronte, orelhas, pescoço, região lombar e cauda. O curso da doença é de aproximadamente quatro meses e os animais recém recuperados apresentam resistência temporária à reinfecção. A doença passa por quatro estágios distintos, da infecção até a regressão das lesões, onde o crescimento de pelos nas áreas de alopecia retoma.
Em geral, as lesões são o suficiente para o diagnóstico da doença, mas a confirmação laboratorial é feita através de raspados, biópsia ou cultura da pele. As amostras de raspados devem ser coletadas nas regiões mais periféricas das lesões, devido à forma de crescimento do fungo. Existem diversas outras lesões cutâneas que podem ser confundidas com a impinge, como: sarna, alguns tipos de papilomatose e outras doenças.
Existem dúvidas quanto à validade do tratamento para a dermatofitose em bovinos, visto que a doença é, normalmente, autolimitante e a recuperação espontânea é comum. O tratamento, se executado, terá como objetivo reduzir a extensão das lesões e limitar a disseminação da doença, através da redução da contaminação ambiental. Muitos tipos de tratamentos tópicos podem ser usados, mas para uma maior eficácia, todos devem ser precedidos da retirada das crostas, com auxílio de escova de cerdas e água morna. O isolamento e o tratamento imediato dos animais afetados, assim que forem observadas as primeiras lesões, juntamente com a desinfecção do local e dos utensílios utilizados no manejo destes animais, são as principais medidas para o controle da doença.

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