CLONAGEM E TRANSGÊNICOS

Ana Carla de Oliveira Baumgratz - Médica Veterinária

Continuando nossa conversa da última edição, a clonagem e os transgênicos são a quarta geração das biotecnologias da reprodução. Esse não é um assunto desconhecido do nosso dia-a-dia, visto que os transgênicos estão a cada dia mais inseridos, principalmente, na alimentação da população e, a clonagem ganhou destaque desde que foi tema na televisão da novela, O Clone.
Clonagem é definida como uma forma de reprodução assexuada, ou seja, que não necessita que exista o encontro dos gametas masculino e feminino in vitro ou in vivo, para produzir seres com características genéticas idênticas, permitindo que esse material genético ganhe mais oportunidades e tempo para ser perpetuado. Essa biotecnologia da reprodução tem sua aplicabilidade muito questionada do ponto de vista ético, sociológico e religioso, principalmente, quando tratamos da clonagem humana. Em animais o principal ponto para o desenvolvimento dessa biotécnica no âmbito comercial são o custo elevado e opinião individual dos profissionais envolvidos na área da sua contribuição ou não para o ganho genético das raças e espécies.
A clonagem animal pode ser realizada por dois métodos distintos:
1º) Através da divisão de uma mórula (primeiro estágio do desenvolvimento do embrião) única para originar dois embriões gêmeos (isto é, com idêntica carga genética) mediante métodos microcirúrgicos. Essa é a técnica mais simples, bastante difundida e padronizada em diversas espécies animais;
2º) Através da transferência nuclear, ou seja, retira-se núcleo de uma célula “adulta” e o mesmo é transferido para um gameta feminino (oócito) “desnucleado”. Esse procedimento é bem mais complexo que o primeiro e muito difundido comercialmente, principalmente, nas espécies bovina e equina.
O material necessário para a realização da clonagem é adquirido através de uma pequena biopsia de pele. Após o material ser coletado inicia-se a parte laboratorial, onde as células serão cultivadas in vitro para o desenvolvimento de uma grande população celular. Em seguida, o cultivo celular in vitro pode-se optar por prosseguir com a produção dos embriões clonados ou pelo congelamento do material multiplicado, armazenado em nitrogênio líquido por tempo indeterminado. Faz-se necessário ressaltar que a biopsia deve ser realizada, prioritariamente em animais saudáveis, pois, a coleta post mortem possui um tempo restrito (6- 8 horas) para ser realizada, o que torna a coleta de emergência complicada em algumas situações devido a distância, disponibilidade dos profissionais e/ou a causa da morte do animal.
A produção dos embriões clonados em laboratório não se diferencia em nada da produção in vitro de embriões convencionais após as etapas da clonagem. A campo nenhuma etapa faz-se diferente para a transferência desses embriões, mas vale ressaltar que o número de fêmeas receptoras positivas será muito menor em comparação as que receberam embriões convencionais, ou seja, a medida que evoluímos e aumentamos a complexidade da biotécnica, há aumento dos custos de produção e uma redução do número de nascimentos e, até mesmo, de animais viáveis.
Não podemos deixar de ressaltar a importância dos transgênicos, pois após seu desenvolvimento novas perspectivas para o uso de animais de produção para propostas biomédicas surgiram, tais como, para a síntese de proteínas farmacêuticas na glândula mamária e para a geração de suínos transgênicos a serem utilizados como doadores de órgãos satisfatórios para a xenotransplantação; além de ter tornado viável a possibilidade da erradicação de desordens genéticas e doenças determinadas geneticamente. Independente de qual seja a biotécnica empregada, o seu efeito primordial consiste no aumento do potencial reprodutivo do rebanho, ou seja, poucos pais se fazem necessários para produzir um considerável número de produtos. Geneticamente, isso resulta no aumento da intensidade de seleção, que por sua vez, resulta no aumento do mérito genético dos produtos. A principal vantagem das biotecnologias da reprodução é o melhoramento genético de rebanhos fechados e, posterior disseminação desses animais de alto mérito genético.
Assim, fechamos o nosso tema sobre biotecnologias da reprodução. Até próxima!

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