PRAÇA VIGÁRIO MAIA: DE ROÇA DE MILHO A PRAÇA PÚBLICA
MARCO ANTÔNIO SILVA
No centro da cidade de Lima Duarte, servindo de pedestal para a velha Matriz das Dores, está a Praça Vigário Maia, popularmente conhecida como “Praça da Matriz”.
A pequena ermida que deu origem à atual igreja foi erguida em 1808, em terras da Fazenda do Engenho de Inácia Maria da Assunção Delgado, num dos espigões que seguem diretamente do vale do Rio do Peixe ao alto da Serra de Lima Duarte, local escolhido certamente por sua importância para os povos que aqui habitaram antes da chegada dos primeiros mineradores e posseiros.
Em 1838, nos relatórios do Governo da Província de Minas Gerais, a futura matriz de Lima Duarte é descrita como “capela de Nossa Senhora das Dores, situada numa elevação cercada por uma roça de milho com acesso por uma tronqueira. O templo de madeira, (certamente em reformas) está por concluir”.
Sendo assim, a encosta onde hoje está a praça Vigário Maia, era primitivamente uma roça de milho, cortada pela trilha que dava acesso à Capela, cercada pelo cemitério.
O passar dos anos e elevação à sede de Paróquia, levou à extinção a roça de milho, formando-se em seu lugar um pasto de gramíneas, cortado por tosco caminho em diagonal.
A grande reforma de 1891, transferiu do adro o cemitério, demoliu a velha Matriz de taipa e promoveu um amplo desaterro do morro, além de erguer um muro de arrimo ao redor da nova matriz. Ainda assim, a subida se fazia com dificuldade, por meio de toscos lajões de pedra assentados na encosta.
Somente em1922, sendo pároco o Padre Carlos Muller e Presidente da Câmara o Dr. Nominato Duque, aproveitando o ensejo das comemorações do Centenário da Independência do Brasil, promoveu-se o ajardinamento da encosta, construindo-se a longa escadaria que liga o adro da matriz à base da elevação, dividida em cinco lances num total de 60 degraus. Unindo os patamares entre os lances, rampas calçadas em pedra permitiam a ascensão da colina pelas laterais até o penúltimo patamar, do qual partia o último lance em direção ao adro do templo. A área recebeu grama, meio fios em pedra, bancos de cimento, arbustos podados artisticamente e algumas árvores, formando um conjunto de agradável aspecto. A parca iluminação era garantida pelos postes das ruas laterais, fornecida pela Companhia Regional de Luz e Força.
Assim permaneceu por mais de 40 anos.
Por essa época a praça recebeu a denominação de Praça Vigário Maia, uma homenagem ao primeiro Vigário da Matriz de Nossa Senhora das Dores, Padre Joaquim da Silva Maia, que tomou posse como Capelão e Cura em 11 de agosto de 1845 permanecendo, após 27 de junho de 1859, como Vigário, até falecer em 05 de julho de 1875.
A partir de 1966, por ocasião da reforma da Matriz, a Comissão Reconstrutora procedeu o capeamento dos meio-fios e rampas com argamassa de areia e concreto, imitando calçamento poliédrico. Os arbustos e árvores foram substituídos por palmeiras, sendo instalados bancos de concreto, oferecidos pelo comércio local e modernos postes de iluminação. Por essa mesma época, as ruas que delimitam por dois lados a praça, foram calçadas com pedra, melhorando o acesso para pedestres e veículos.
Anos depois a iluminação foi sendo substituída, recebendo luminárias com globos de vidro, em meados da década de 1980, até os atuais postes, bem como as espécies ali plantadas, chegando ao estado atual. Flores de curta duração e farta florada, espécies utilizadas em cercas vivas também foram acrescentadas, formando belo aspecto por alguns meses, sem continuidade ou manutenção.
Além disso, a velha praça recebeu apenas caiação de meio fios e pequenos consertos, sem nenhum outro melhoramento de porte. As ruas de pedra receberam cobertura asfática e as velhas palmeiras plantadas em 1966 foram cortadas e substituídas por outras espécies. Recentemente, a longa escadaria recebeu corrimãos, facilitando o acesso.
Num breve relato, assim se formou a Praça da Matriz!