CORONAVÍRUS EM ANIMAIS DOMÉSTICOS

Desde o início da pandemia causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) especula-se muito a respeito do papel desempenhado pelos animais no cenário pandêmico. Existe muita incerteza, principalmente, entre os proprietários de pets, quanto à possibilidade de seus animais serem infectados pelo Covid-19 e, posteriormente, passarem a ser transmissores do vírus. Sobre isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) enviaram pareceres de que não há evidências de que os animais possam ser transmissores do novo coronavírus. Existem relatos e estudos recentes que demonstram a capacidade do SARS-CoV-2 em infectar cães, felinos (gatos, tigres e leões) e mustelídeos (furão e minque), podendo apresentar sintomas brandos, mas tendem a não apresentarem nenhum sintoma, sendo diagnosticados apenas a partir de sorologia.
O novo coronavírus faz parte de uma grande família que acomete tanto os seres humanos quanto animais. Apenas alguns gêneros são capazes de infectar os animais, podendo os mesmos gerar diferentes doenças em diferentes espécies. Embora no passado alguns coronavírus que afetaram os seres humanos tais como o SARS-CoV, responsável pela Síndrome Respiratória Grave (China/2002), e o MERS-CoV, responsável pela Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Arábia Saudita/2012), tenham sido associados a algumas espécies animais, até o momento a OMS e a OIE não encontram evidências da origem animal para o SARS-CoV-2, o Covid-19, mas isso ainda está em investigação para detectar se alguma espécie animal é reservatório do vírus.
Os cães podem ser acometidos pelo coronavírus entérico canino (CCoV), causando gastroenterite canina, decorrente da sua instalação nas células do intestino. No mercado existem diversas vacinas indicadas para auxiliar no controle do coronavírus canino, mas ainda não há evidências concretas sobre a sua efetividade e necessidade, visto que, não evita a infecção, apenas pode diminuir a transmissão da doença. Já os gatos são acometidos pelo coronavírus felino (FCoV), que causa a Peritonite Infecciosa Felina (PIF), doença sistêmica disseminada e fatal; em nosso país não há vacina para evitar esse tipo de doença nos felinos, realizando apenas tratamento suporte para que o animal possa ter a vida prolongada de maneira mais confortável possível.
Os bovinos podem contaminar-se com o coronavírus bovino (BCoV), causando diarreia neonatal e/ou disenteria de inverno em animais adultos, associado em alguns casos com doenças respiratórias. Assim como ocorre para as outras espécies de coronavírus, não há tratamento para o BCoV, apenas terapias de suporte e, em geral, o animal não vem a óbito devido o coronavírus, mas em decorrência de infecções secundárias que agravam o quadro clínico.
Existem diversas vacinas no mercado para a profilaxia do coronavírus bovino, sendo indicado seu uso em fêmeas prenhas durante o período seco para garantir que o colostro contenha anticorpos capazes de proteger o bezerro até os 3 primeiros meses de vida, período suficiente para que seu sistema imune torne-se competente e capaz de desencadear resposta imune as doenças em geral. Vale ressaltar que não há contaminação humana através do consumo de carne e subprodutos de bovinos que sejam positivos.
Em aves, o coronavírus aviário (AvCoV) pode causar a Bronquite Infecciosa das Galinhas (BIG). Para essa doença existem diversas vacinas no mercado destinadas ao seu controle, prevenção do aparecimento dos sinais clínicos e lesões. O AvCoV é a segunda doença que mais causa prejuízos econômicos para a avicultura mundial, visto que, causa perdas em todas as etapas de crescimento das aves tanto de postura quanto de corte.
Este foi o primeiro coronavírus descrito no mundo (1933) e, por esse fato, os virologistas e imunologistas veterinários sugerem que o conhecimento sobre ele e outros coronavírus em animais podem sinalizar alguns caminhos e estratégias para lidar com o SARS-CoV-2.
Muitas pessoas com medo de adquirirem o novo coronavírus têm procurado consultórios veterinários e/ou casas agropecuárias para adquirirem vacinas destinadas ao uso animal para se imunizarem, mas é de extrema importância reforçar que essas vacinas são exclusivas para uso nas espécies indicadas e que não há segurança clínica no uso das mesmas em seres humanos, podendo gerar graves reações adversas. Até onde se sabe, estudos apontam que os coronavírus são espécieespecífica, ou seja, o coronavírus bovino apenas infecta bovinos e assim sucessivamente. A recomendação é que, em caso de proprietários de pets testarem positivo para o Covid-19, deve-se evitar o contato com seus animais de estimação e manter-se sempre as boas práticas de higiene. Até porque não temos evidências de que em condições naturais, os pets possam realmente adoecer em decorrência do Covid-19 e, principalmente, não há evidências científicas de que mesmo ocorrendo uma infecção nesses animais, de que possam ser transmissores da doença entre si e para os seres humanos, tornando-a uma zoonose.
Toda essa questão reforça a importância da prevenção na saúde dos animais. É de extrema necessidade que trabalhemos com a prevenção na saúde individual e coletiva. Vacinem os animais de produção e mantenham sempre em dia as consultas de rotina de seus pets.

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