A CRISE NO AGRONEGÓCIO DEVIDO À PANDEMIA

Muitas mudanças aconteceram na vida da população brasileira no último ano, não apenas no dia-a-dia das casas, mas principalmente na economia. O cenário não se fez diferente na esfera do agronegócio brasileiro. Muito se mudou na rotina das fazendas e nas relações econômicas. No início da pandemia vimos o cenário na área rural mudar por completo. Muitos produtores de leite se viram assombrados pela possibilidade dos laticínios reduzirem e/ou cessarem as captações de leite devido à redução no consumo de lácteos e aumento de seus estoques. Com essa situação vimos a primeira onda de queda dos preços da matéria prima produzida.
à medida em que o governo federal deu início às prestações do auxílio emergencial, a população pôde voltar a consumir lácteos como antes, o que fez com que o consumo crescesse novamente. Com a melhoria no cenário do consumo de lácteos, o preço médio do leite voltou a crescer, chegando a aumentos maiores que 16% no cenário do país.
Apesar da mudança na demanda do consumidor final, o produtor passou a ser assombrado pelos aumentos astronômicos dos preços dos insumos agrícolas. A base nutricional dos animais de produção são o milho e a soja, grãos de grande importância para a balança comercial brasileira. A grande oscilação dos preços dos grãos tem influência das alterações climáticas, das variações do próprio mercado agrícola, mas também sofre grande influência do mercado externo, principalmente pela desvalorização do real frente ao dólar.
Em 2020 observamos que os custos com concentrado aumentaram em 4% em relação ao ano anterior. Esse aumento continua a ser observado no primeiro trimestre de 2021. Junto com o aumento dos preços dos grãos, observamos a valorização da suplementação mineral. Minas Gerais é o estado que mais foi impactado pelos aumentos de preços. Com o término do auxílio emergencial no final de 2020 houve uma nova queda na saída dos produtos lácteos, o que levou a uma nova queda no preço médio do litro de leite.
O mercado vem indicando a continuidade de queda iniciada em janeiro/2021. O que vem segurando a porcentagem de queda no preço do leite são os valores altíssimos dos insumos. Em janeiro, foram necessários 41,12 litros de leite para compra de uma saca de milho de 60 Kg, contra 35,43 litros de leite em dezembro/2020. Observa-se, hoje, o pior cenário para o pecuarista leiteiro para a compra de insumos desde maio/2016.
Apesar de uma redução em torno de 8%, na primeira safra de milho do verão 2020/21, dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) indicam uma estimativa de aumento de quase 3% da produção de milho frente a safra 2019/20. Diante do atraso na colheita de soja da safra 2020/21, vemos a oferta de farelo de soja reduzida, dificultando o abastecimento a curto prazo em propriedades com estoque já reduzido. Hoje o preço da saca de soja ultrapassa o dobro do valor observado há um ano.
O mercado para o produtor rural não mostrou grandes desafios apenas na compra de grãos, mas já observamos preços muito elevados de outros insumos utilizados amplamente na produção de leite como, por exemplo, caroço de algodão e cevada. Além dos aumentos de preços de produtos destinados a alimentação animal, vemos aumentos em outras esferas, como adubos e fertilizantes, por exemplo.
Apesar de todos os entraves que o agronegócio enfrentou em 2020, observamos que foi o setor com o PIB (Produto Interno Bruto) que mais cresceu no Brasil. Alguns economistas estão apontando que o aumento dos custos de produção podem impactar muito mais o PIB do agro em 2022, do que neste ano.
Todas essas tendências e acontecimentos no agro no último ano nos mostram e reafirmam a necessidade dos planejamentos de curto, médio e longo prazos para as propriedades leiteiras. Planejamento é o que faz o negócio dar certo e gerar lucro, principalmente em épocas de grandes desafios. Para conseguirmos realizar planejamentos corretos, faz-se necessário de uma boa equipe, mas também de técnicos capacitados, capazes de enfrentar as adversidades e criar soluções rápidas e eficazes.

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