DESENHISTA LIMADUARTINO

O estudante Felipe de Paula Ferreira tem 26 anos e está cursando Educação Física pela UFJF. Ele desenha por hobby desde a infância e vem se aperfeiçoando nos últimos anos. Procura “desenhar para transmitir alguma crítica, piada ou expressão de algum sentimento.”
Ele vem se destacando nas redes sociais por seus desenhos, tirinhas e caricaturas e a equipe do Jornal LD & Cia. Resolveu conhecer um pouco mais de sua história. Confira:
Quando começou a desenhar? Porquê?
Durante a infância, eu e mais um amigo gostávamos de desenhar as animações que passavam na TV ou algum tipo de ilustração que víamos em umas revistas de jogos. Com nossos desenhos, usávamos nossa imaginação para várias brincadeiras.
Durante a segunda fase do fundamental, a coisa começou a ficar mais séria, pois haviam mais duas pessoas (que hoje são amigos de coração), que desenhavam muito bem por sinal, e toda semana levávamos alguma ilustração para ambos mostrarem a cada um.
Logo, havia uma mini disputa entre nós quatro. Quando entrei na faculdade, larguei os desenhos e só recomecei a desenhar de uns anos para cá.
Fez algum curso específico?
Não. Procuro sempre uma dica ou outra de quem saiba desenhar, através de alguns vídeos no YouTube. Porém, é bem raro.
Quais seus objetivos ao desenhar?
Olha, de uns anos para cá, sempre procurei desenhar para transmitir alguma crítica, piada ou expressão de algum sentimento. Porém, queria passar algo mais: Conhecimento (e não é um meme do ET Bilu haha).
Para isso, deixei de lado os desenhos que costumava fazer, para entrar no ramo das tirinhas. Através delas, consigo passar tudo o que eu fazia e de quebra adicionar conhecimento em algumas.
Quando passou a fazer caricaturas? Porquê?
Comecei a desenhar as caricaturas depois que mudei meu perfil do Instagram para uma página de tirinhas. Queria criar um personagem ´´Cartunizado´´ e caricato. Foi então que decidi me transformar nesse personagem.
Sempre gostei de desenhar figuras Chibi (aquelas de corpo pequeno e cabeça grande), pois vi que fica algo simples e bem chamativo. E a cabeça grande dava pra transmitir os detalhes das emoções de maneira intuitiva, ou seja, era apenas olhar o personagem e sacar na hora o que ele estaria sentindo (dúvida, tristeza, alegria, etc). Ao longo do tempo, devido à vasta literatura que leio e vejo, comecei a transformar autores de determinadas obras ou vídeos em personagens, para falar algo de importante. Foi aí que vi o potencial no qual poderia chegar, fazendo com que determinados autores virassem personagens cartunizados/caricatos para transmitir suas ideias.
Tem o apoio de quem?
Atualmente, não tenho apoio material de ninguém. Mas no passado, minha falecida vó me apoiava bastante, dando materiais para que eu desenhasse, como lápis de cor e lápis específicos para desenhos, além das revistas de jogos e personagens em quadrinhos (Mangás).
Então, por que continuo desenhando? É meio duro falar sobre, pois minha família sequer dá bola para as coisas que faço (exceto meu irmão), nem sabem que tenho as tiras ou algo relacionado. O comportamento da ´galera´´ aqui de casa também é bastante desestimulador, me fazendo pensar inúmeras vezes em desistir de muita coisa, não apenas dos desenhos.
Porém, o feedback dos meus amigos (esses caras valem ouro!) e de várias pessoas que nem conheço que curtem minha página (já as considero muito por esse fato), me ajudam muitíssimo a continuar. Já ouvi pessoas chegando para mim e falando: ´´Felipe, sua tira (ou até mesmo um desenho) me tocou tanto, parece que o recado era para mim!´´ ou ´´Parabéns pela sua arte!´´ e até mesmo ´´Tô gostando da sua página, é muito da hora! Aquele personagem é igualzinho o próprio cara!´´.
Quando leio ou ouço algo do tipo, uma alegria me preenche por dentro, é algo extremamente prazeroso, alguém curtindo algo que faço (afinal, o Ser Humano é um ser social, que gosta de ser notado por sua obra, pelo menos é o que os estudos apontam). Sempre digo que essa potência gerada por esse prazer, que muitos chamam de felicidade, me ajuda a continuar a publicar determinadas coisas, algo que retribua todo o carinho dado a mim, como forma de agradecimento.
Pretende fazer das caricaturas sua profissão?
Atualmente não penso em seguir esse meio. Depois que formar em Educação Física, pretendo seguir em alguma área que mexa com as ciências do cérebro, pois sou fascinado pelas neurociências, psicologia, filosofia e demais coisas que estudam o pensamento e o comportamento humano.
Mas, como o pensamento é algo mutável, quem sabe mais para frente eu possa pensar em seguir, não é? Sempre mudamos de ideia, nunca se sabe, fica a reflexão, haha!
Quem mais te inspira?
Depende do meio em que a pergunta se refere. Para vida, sem dúvida é a minha falecida Vó, a Dona Ana. Mesmo com uma família cheia de problemas, ela me ensinou a sorrir, seguir em frente e não segurar emoções também. Se tiver que rir, ria. Se tiver que chorar, chore. De preferência, de alegria! Se tiver que perguntar, pergunte. E se precisar questionar, questione!
Agora, no meio das tiras e dos desenhos, admiro muito as tirinhas do Ângulo de Vista, Perda de Tempo, As Crônicas de Wesley e do Téo e o Mini Mundo. Fica difícil colocar algum desses quadrinhos no pódio, pois cada um completa o sentimento de admiração dentro de mim.
E por fim, no meio do pensamento reflexivo, da saúde e do comportamento humano, tenho muita admiração pelos…meu livros! Tudo que vejo neles me dá alguma inspiração para desenhar!
São essas as inspirações que me compõem!
Qual sua caricatura que mais gosta?
Então, tenho poucas caricaturas feitas, mas a que me deu mais prazer em ver o resultado final, foi a caricatura da prefeita eleita de Lima Duarte, Elenice, pois se encaixou muito com o modelo que tinha em mente.
Também tenho outra que gosto demais, do Zygmunt Bauman, pois sou um tanto fã das ideias sobre o atual mundo líquido que vivemos.
Quais seus desafios nos desenhos/caricaturas?
Tenho que estar emocionalmente bem com para fazer tais desenhos, o que é um desafio, pois faço tratamento de TAG (Transtorno de Ansiedade Geral). Não é todo dia que estou disposto a desenhar.
Gosto de desenhar aquilo que me chame a atenção. Logo, se uma pessoa me pedir para fazer um desenho, no qual eu não sinta alguma atração pelo pedido, é quase sem chances de que eu faça tal tarefa pedida, mesmo que me paguem.
Já as caricaturas, vejo que são mais estimulantes de fazer, pois o jeito delas pode trazer características marcantes (como um sorriso, um corte de cabelo, uma barba bem feita ou até mal feita, um nariz torto, uma pessoa gorda ou magra), nas quais são coisas que deixam elas como únicas. Seres Humanos não são iguais, são semelhantes. A diferença de várias características físicas e mentais que os fazem ser únicos.
Outra coisa que acho chata é a questão de pagamentos. Muita gente me pede pra fazer algo e quando falo que faço, mas precisam me pagar, elas simplesmente acham ruim, tirando toda credibilidade e esforço que tive para conseguir tal material e habilidade. É algo broxante, usando o melhor palavreado…
Uma coisa boa que posso tirar de algum desafio é ver tal desenho e pensar que é impossível fazer tal coisa e com muito trabalho, algumas horas curvado em frente à mesa, pegar a folha e ver aquele desenho feito às custas, dá um prazer muito grande e no final pensar ´´Eu venci a mim mesmo neste desenho!´´. Nem sempre isso acontece, mas quando rola, é gratificante, mesmo sendo um desenho feito para mim mesmo!
Como avalia a cultura de LD?
Olha, geralmente gosto de ´´amaciar a mão´´ nas palavras, porém, sempre procuro ser franco. A cultura artística que vejo por aqui não estimula em nada a pessoa fazer o seu trabalho. Conheço muita gente que desenha maravilhosamente bem, mas não tem nenhuma feira cultural/artística que faça com que o artista queira mostrar seu trampo. Lógico que o período de pandemia neste ano desorganizou muita coisa na cidade. Mas, em anos anteriores, não vi nada que favoreça os fatos que falei.
Tenho ideias em mente, como poder usar aquela feirinha de sexta-feira, centro da cidade. Montar uma barraquinha com meus amigos que desenham, para mostrar nossa arte e poder vendê-las também.
Veja mais em: @as.cronicas.de.liminha

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