ARTISTA PLÁSTICO CONSTRÓI ATELIER EM IBITIPOCA

A arte é a guardiã de nosso passado e a prospecção de nosso futuro, processo de comunicação e de expressão humana que nos liberta, nos transforma e nos afasta do irracional. É o visgo que mantém a teia da educação e da cidadania plena.
O Arraial e a Serra de Conceição de Ibitipoca encantam turistas de todo o mundo e moradores do local. Essa “magia” atraiu, desde os anos 70, o olhar do artista plástico Gerson Guedes.
Ele frequenta Ibitipoca desde aquela época e, agora, decidiu construir lá sua casa e atelier. A construção, ainda não concluída, chama a atenção por ser uma réplica de uma estação de trem.
Gerson Guedes nasceu em Juiz de Fora, MG e formou-se em Desenho e Plástica pela UFJF.
É mestre em Letras pelo Centro de Ensino Superior. Professor por 30 anos do Colégio de Aplicação João XXIII da Universidade Federal de Juiz de Fora, onde se aposentou como Pró-reitor de Cultura.
Desde o início dos anos oitenta, expõe regularmente suas pinturas e textos, nos quais prevalecem temas ligados à cidade de Juiz de Fora e à Zona da Mata.
Com várias premiações em seu currículo, já realizou diversas mostras individuais e coletivas apresentando seu trabalho para o público de Juiz de Fora e outras cidades: Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo e outros países: Áustria, China, Tailândia, Espanha, Inglaterra e França.
Membro da Academia Juiz-forana de Letras, Guedes é autor de livros, catálogos e artigos publicados.
Gerson Guedes foi diretor Geral da XXV edição do Festival Internacional de Música Colonial e Música Antiga e implantou diversos projetos culturais na Universidade Federal de Juiz de Fora.
Confira a entrevista com Gerson Guedes, que fala sobre sua vida, obras e desse projeto curioso das estações de trens:
Nome completo, idade: Gerson Esteves Guedes, 62 anos.
Você foi professor e artista desde quando? Como conciliou Educação e Cultura ao longo de anos de trabalho?
No início da década de 1980, comecei a expor meus quadros regularmente. Nessa mesma época, ingressei no magistério como professor de Artes da rede estadual e em escolas particulares. A conciliação entre as duas carreiras se deu de forma natural: como sempre trabalhei temas ligados ao cotidiano mineiro, recebi muitas informações vindas dos alunos. Ao mesmo tempo, procurava passar em sala de aula conteúdos mais acadêmicos sobre a arte, história, composições, estética, arte popular…
Quais suas influências artísticas? Qual estilo da sua pintura?
Minhas influências artísticas remetem a artistas de uma geração anterior à minha, como Carlos Bracher, Dnar Rocha, Renato Stheling, e a artistas nacionais, como Di Cavalcante e Cândido Portinari.
Meu estilo de pintura é um cubismo figurativo, prevalecendo os traços e formas.
Você passou sua infância em Chiador, uma cidade pequena e mineira. Essas características influenciaram sua formação e estilo? Como?
Nasci em Juiz de Fora e passei boa parte de minha infância em Santo Antônio de Chiador (primeira estação ferroviária de Minas). Foi ali que comecei a elaborar meus primeiros traços.
Os trens, o movimento das antigas estações e a locomotiva a vapor marcaram meu imaginário infantil e perduraram em minha obra.
As estações de trem são uma marca de suas obras e tema de sua exposição atual. São lembranças de sua infância? Já desenhou e pintou com outros temas? Quais?
Em minha carreira, já desenvolvi diversos projetos, sempre ligados à história e às peculiaridades da Zona da Mata Mineira. Destaco alguns desses temas: A história do Café, Cartas de Minas, Os Alpendres, Candeeiros, Domingo em Minas, entre outros.
Quando conheceu Ibitipoca?
Como o local despertou sua imaginação?
Porque escolheu Ibitipoca pra construir sua casa?
Conheci Ibitipoca na década de 1970.
Na primeira vez que fui, ainda não existia o Parque e a subida a partir de Lima Duarte era uma bela aventura.
Desde as primeiras idas ao Arraial, senti uma energia positiva no lugar. As montanhas e as águas invadiram meu espírito, fazendo-me sentir muito bem, com meu espírito em paz.
Por isso, há muito que pretendia construir ali um local para trabalhar e viver.
Porque optou por fazer a casa no estilo de uma estação?
Desenvolvi o projeto baseando-me em uma parte da estação de Chiador.
O tijolo aparente e as janelas em arco foram uma influência da antiga fábrica de tecidos Ferreira Guimarães, em Juiz de Fora, um local na cidade que sempre me chamou atenção e que por várias vezes retratei em meus quadros.
O local serve para moradia, ateliê, exposição e venda de seus quadros e realização de eventos?
O local é minha moradia temporária, pois ainda tenho compromissos em Juiz de Fora. Entretanto, pretendo passar a maior parte do tempo em Ibitipoca, onde almejo desenvolver minhas exposições futuras e manter um acervo permanente para visitação.
Quais eventos já realizou no local? Quais já tem programados?
Estou confeccionando um mural informativo sobre a história de estações e ferrovias em Minas Gerais, que estará em exposição permanente à partir de meados de fevereiro.
Tenho recebido visitas individuais e de grupos, turistas e moradores. No dia 15 de fevereiro, realizaremos um encontro de escritores, membros da Academia Juiz-forana de Letras.
Como os moradores e turistas de Ibitipoca vêem sua casa e sua arte?
Tenho percebido uma expectativa muito grande por parte dos moradores sobre o potencial turístico do local, que, volto a frisar, ainda está em construção.
Você nunca pensou em sair de Minas? Porquê?
Bom, sobre sair de Minas, como se pode ver em minha trajetória, levei meu trabalho para outros centros. De agora em diante, pretendo me aquietar por aqui. Considero que, atualmente, por meio dos recursos digitais, a obra pode rodar o mundo.
Em minhas exposições, sempre procurei parcerias, principalmente com empresas privadas, como no projeto sobre a história do café, que percorreu várias cidades do Brasil.
Tem apoios culturais pra suas telas e projetos? De quem?
Em várias ocasiões, participei de editais de concorrência pública e consegui ter meu trabalho selecionado para mostras, como, por exemplo no Centro Cultural dos Correios em Juiz de Fora e Rio de Janeiro, nas Galerias da Caixa Econômica Federal em Brasília e Juiz de Fora, no Espaço Cultural do Sesi e da Assembleia Legislativa em Belo Horizonte.
Como você analisa a cultura em MG e no Brasil?
Penso que a cultura é um caminho para um encontro espiritual. A arte, em suas múltiplas linguagens, é a identidade de um grupo social. A arte é a guardiã de nosso passado e a prospecção de nosso futuro, processo de comunicação e de expressão humana que nos liberta, nos transforma e nos afasta do irracional. É o visgo que mantém a teia da educação e da cidadania plena.
Mais informações em:www. gersonguedes.com.br.

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