DÉCADAS DEDICADAS AO COMÉRCIO

O comerciante Aristeu Mendes de Oliveira completou 90 anos em julho de 2018 e só agora resolveu parar de trabalhar, em sua conhecida loja de tecidos. Após 75 anos dedicados ao comércio, ele considera que “saiu na hora certa, pois precisa descansar, cuidar da saúde e curtir a família”.
Sr. Aristeu começou a trabalhar com 15 anos, no armazém do irmão, em São Domingos da Bocaina. Em 1952, o irmão morreu, ele paralisou as atividades e, depois de um ano, recomeçou sozinho. Em 1957 mudou-se para Lima Duarte e fundou aqui o Armazém do Povo, que funcionou por muitos anos no casarão que deu lugar ao Banco do Brasil. Ali trabalhou por 17 anos, casou-se com a Professora Maria José, com quem teve três filhos: Vanize, Janice e César. Ali também recolhia cobras, que encaminhava ao Instituto Butantã e recebia o soro anti ofídico, para quem precisasse em Lima Duarte e região. Depois mudou o estabelecimento e o ramo de comércio para a loja no prédio da AALD, aonde funciona até hoje. O “Tecidos Janice” vendia tecidos, aviamentos, roupas de cama e banho. Todas as novidades da moda, os limaduartinos podiam encontrar ali, como as famosas e saudosas marcas: Conga, Kichute, Havaianas, UStop, Alpargatas, Passo Doble e as primeiras calças jeans. Sr. Aristeu conta que viajava para fazer compras e recebia sempre a visita do revendedor José Alencar, que depois virou político. Ele tinha uma fábrica de tecidos em Ubá – MG, trazia a mercadoria e deixava em consignação. Quando Sr. Aristeu vendia, depositava os valores no Banco da Lavoura. “José Alencar me ajudou muito, pois confiou em mim, deixando as mercadorias. Assim pude crescer, sustentar a família, construir minha casa própria”, ressalta.
Sr. Aristeu estudou somente o Primário, que era o curso que tinha em São Domingos e a família não tinha condições de mantê-lo em Lima Duarte para continuar os estudos. Mas orgulha-se de ter sido um dos melhores alunos da Professora Maria Neves de Araújo, conhecida como Dona Pequena. Ainda guarda, além das boas lembranças de infância e adolescência na roça, um antigo dicionário de um professor que ensinava o significado das palavras do livro e incluía novas palavras e significados por conta própria.
A vida no comércio ensinou ao Senhor Aristeu o quê os professores não puderam ensinar: 75 anos de dedicação ao comércio propiciaram ao “botafoguense” muitas estórias, vivências, ensinamentos e amizades. Os clientes e amigos sentirão saudades do sorriso e cortesia no atendimento da loja, das conversas e “discussões” sobre o futebol. Mas, como ele mesmo disse, precisa descansar e curtir a vida. E que seja longa e feliz!

Artigos relacionados

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Fechar